“Tava”, porque agora o “bicho tá pegando”!
Globo
Desde 1998, a Petrobras foi alvo de quatro CPIs, incluindo a
atual, na Câmara. Embora houvesse suspeitas de superfaturamento na construção
da refinaria Abreu e Lima e de pagamento de propinas a funcionários da
petroleira, os parlamentares dessas comissões nada viram de irregular.
Suspeitos, que hoje se tornaram réus na Operação Lava-Jato, sequer foram
ouvidos. E os relatórios apresentados à época dedicaram mais páginas a
discorrer sobre a importância da estatal do que a apontar irregularidades.
O senador Romero Jucá (PMDB-RR), hoje alvo de inquérito no
Supremo Tribunal Federal sob acusação de participar do esquema, foi relator de
uma dessas CPIs em 2009. Ele indeferiu requerimentos para convocar os
ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque. Os dois voltaram
a ser poupados na CPI mista de 2014, que também deixou de ouvir Fernando Baiano
(investigado hoje como operador do PMDB) ou o então tesoureiro do PT, João
Vaccari Neto, embora pedidos nesse sentido tenham sido aprovados.
O motivo alegado nas outras CPIs foi falta de tempo para
ouvi-las. Em 2009, a CPI criada no Senado em maio e encerrada em dezembro teve
vários objetivos: investigar denúncias de superfaturamento em Abreu e Lima,
fraudes na licitação para reforma de plataformas, desvio de dinheiro dos
royalties, uso irregular da verba de patrocínio, entre outros. O presidente foi
o petista João Pedro (AM), e o relator, Romero Jucá. O texto final de Jucá não
viu nada de errado em Abreu e Lima. E mais: como relator, Jucá impediu a
convocação de Costa, Duque e de diretores de empreiteiras que hoje, graças à
Lava-Jato, descobre-se que fizeram um cartel para dividir obras e desviar
recursos
"Podemos concluir, portanto, que a obra de
terraplenagem da refinaria do Nordeste foi executada por preços compatíveis com
a complexidade técnica do empreendimento e a realidade do mercado", diz
parte do relatório de Jucá a respeito da Abreu e Lima. O relator contestou
análise do Tribunal de Contas da União (TCU), que apontou sobrepreço.
Em 2014, ano de eleições, foram criadas duas CPIs. Uma só no
Senado, da qual a oposição se recusou a participar. Outra, com deputados e
senadores. A do Senado, presidida por Vital do Rêgo (PMDB-PB), teve como
relator José Pimentel (PT-CE). Considerada chapa-branca, trabalhou dois meses,
reuniu-se 11 vezes, ouviu 16 pessoas, aprovou 83 requerimentos e não teve
relatório final, subscrevendo o produzido pela CPI mista, do petista Marco Maia
(RS) - que dedicou-se em parte a discorrer sobre a história da Petrobras.
Jucá não retornou as ligações, Marco Maia também não. José
Pimentel informou que subscreveu integralmente o relatório de Maia porque as
duas CPIs investigaram o mesmo tema.
AS CPIS DA PETROBRAS
2009 (SENADO)
ABREU E LIMA. Requerimentos sobre planilhas de pagamentos e
projetos da refinaria não foram apreciados. O relatório final não identificou
irregularidades.
Depoimentos. Mesmo com requerimentos aprovados, o relator da
CPI, Romero Jucá, não chamou Paulo Roberto Costa e Renato Duque para depor.
Plataformas. O TCU apontou irregularidades na construção da
P-52 e da P-54, mas o relator da CPI não encontrou problemas.
2014 (SENADO)
CONCLUSÃO. O relator José Pimentel nem fez relatório final.
Requerimentos. Não incluíram a convocação do ex-tesoureiro
do PT João Vaccari e de Fernando Baiano, operador do PMDB.
Refinarias. Nada foi apontado.
2014 (MISTA)
Depoimentos. Ficaram sem depor Paulo Roberto Costa e
Fernando Baiano, entre outros.
Relatório. De 914 páginas, 109 elogiam a Petrobras.
(argento) ... Em 17 anos, CPIs da Petrobras não viram nada irregular na estatal, ou, como queiram, “tava tudo dominado”... "Tava" porque agora o “bicho tá pegando”! - seinão, acho que Ainda TÁ, a diferença é que, agora, o "Patrão" está Cobrando Dívidas (algumas) ...
ResponderExcluirMagu disse:
ResponderExcluirSão sempre os mesmos...
Qual a novidade?
(argento) ... novidade, Magu?, nenhuma!, uma vez satisfeita a "opinião púbrica", tudo volta a ser como sempre foi ...
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