Josias de Souza
Lula cutucou a paciência dos brasileiros nesta sexta-feira.
Foi a um encontro da Federação Única dos Petroleiros, em Guararema (SP), e
disse que não há razões para o azedume do brasileiro.
“O mau humor hoje não é gratuito.
Tem gente que ganha quando caem as ações da Petrobras. Eles compram para vender
na alta”, afirmou Lula, como se não tivesse nada a ver com ruína que
empurrou a maior estatal do país para a gangorra da Bolsa de Valores.
“Acho que tem gente que dá notícia
negativa todo dia, para criminalizar o PT e as esquerdas”, declarou
Lula, como se a imprensa tivesse inventado a Operação Lava Jato com suas 18
delações premiadas. E como se Renan Calheiros e Fernando Collor,
ex-controladores ocultos da Transpetro e da BR Distribuidora, fossem “as
esquerdas”.
“Não há espaço para sermos negativos
neste país, é só olhar o que nós éramos e o que somos hoje”, queixou-se
Lula, como se vivesse num país de fábula, imune à inflação fora de controle, à
paralisia econômica e à volta gradativa do desemprego.
“Estamos vivendo tempos difíceis, mas
vamos consertar. E é isso que a presidenta Dilma está fazendo neste momento”,
embromou Lula, como se Dilma Rousseff fosse uma presidente estalando de nova,
não aquela supergerente que ele vendera em 2010, para acomodar no “volume
morto” dias atrás.
“Se vocês quiserem um brasileiro que
tem orgulho da Petrobras, ele está aqui. Um brasileiro que não tem vergonha de
dizer que sente orgulho da Petrobras”, vangloriou-se Lula, seis dias
depois de a Petrobras ter anunciado um corte de 37% no seu plano de investimentos
até o ano de 2019.
“Se alguém de dentro ou de fora fez
alguma sacanagem, ou roubou a Petrobras, essa pessoa que pague”, realçou
Lula, como se as petrorroubalheiras não tivessem nascido na sua administração.
“E que os trabalhadores da Petrobras
não sejam punidos”, rogou Lula, como se a força-tarefa da Lava Jato não
tivesse identificado e gravado a marca do Zorro na testa dos ex-diretores
nomeados na gestão para privatizar a Petrobras aos interesses partidários e
patrimoniais.
“O vazamento [das delações da Lava
Jato] tem interesse. É para pegar alguém ou acusar um partido”, ralhou
Lula, como se preferisse que a imprensa não imprensasse. Ou, por outra, como se
ignorasse que o problema é o roubo, não as notícias sobre o assalto.
“A pessoa só pode ser chamada de
ladrão quando provar que é ladrão, não pode criminalizar a pessoa antes de ser
julgada”, ensinou Lula, como se tivesse esquecido o passado daquele
sindicalista barbudo que chamava José Sarney de “ladrão”.
“A luta dos trabalhadores não pode
ser eminentemente econômica. Tem que pensar em outras coisas. […] Tem de,
sobretudo, defender a democracia deste país, o Estado de direito. Porque não
foi fácil o que conquistamos até agora. Não podemos abdicar disso”, pediu
Lula aos petroleiros, como se a democracia brasileira não estivesse funcionando
bem – tão bem que suporta até a decepção de um ex-metalúrgico voando em
jatinhos de empreiteiras, de um ex-PT convertido em usina coletora de dinheiro
sujo, e de um ex-líder estudantil que, detido em prisão domiciliar, pede habeas
corpus preventivo à Justiça para não voltar para o xilindró.
Ai, que preguiça!!!
ResponderExcluirPara entender a situação que se instalou esta semana, com a reunião do Lula com o PT, enquanto Dilma estava nos EUA, é necessário lembrar os últimos seis meses.
a) Dilma iniciou o segundo mandato com Levy prometendo ajuste fiscal.
b) Lula e o PT se posicionaram contra o ajuste fiscal.
c) Dilma entregou o governo nas mãos do Temer, nomeando-o articulador político.
d) Lula e PT manifestaram-se no sentido de jogar a responsabilidade, pelo aumento de impostos e cortes nos benefícios dos trabalhadores, no colo do PMDB e se desvinculando do governo Dilma.
e) Lula tentou se desvincular do próprio PT, fazendo discursos criticando os “cumpanheros” que só querem cargos.
f) Temer “assumiu o governo” e conseguiu algum apoio no Congresso, mas como não é burro sabia desde o início que estava governando sem a cadeira e sem a caneta.
g) O PMDB, que de trouxa não tem nada, mostrou que não apoiaria o ajuste se o PT não apoiasse. O PT ficou em cheque, é governo ou não é, governar fazendo oposição ao governo não deu certo, ou entregava o governo de vez ou assumia de vez.
h) Temer sussurrou no alto falante que iria deixar a articulação política, que se considerava pronto para assumir o lugar da Dilma e que tinha consultado (através do Levy) os executivos do setor financeiro e receberia o apoio como presidente.
i) Lula fez uma reunião com o PT (na última segunda-feira) sem a presença da Dilma (estava nos EUA) e ficou decidido que o PT vai se assumir como governo e o governo vai assumir o discurso do PT como estratégia.
j) Lula fez um discurso defendendo com veemência o governo Dilma e o PT, conforme mostrado nesta postagem.
k) Dilma cumpriu imediatamente as ordens recebidas e começou a preparar a demissão do Levy, fazendo chegar ao noticiário o seguinte:
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/07/1651769-dilma-demonstra-impaciencia-e-passa-a-questionar-levy-em-reunioes.shtml
l) Temer comunicou que permanecerá na articulação política. Na prática isso significa que o governo não terá articulador político, que a articulação política será no sentido de articular a saída da Dilma.
m) O PMDB estuda um “mandato tampão” para Temer, ao mesmo tempo que prepara a candidatura do Serra, que deverá se filiar ao partido. Mas também estão estudando a possibilidade de um governo Temer com o apoio do PSDB. Na prática isso significa que a saída de Dilma já está definida, só falta definir como será, se por cassação ou por impedimento.
n) O PT prepara a saída de Dilma por renúncia, mas antes de renunciar vão tentar desvincular Dilma do ajuste fiscal, tentarão vender a imagem de que Dilma foi traída pelo PMDB e a agenda do PT voltará a ser de oposição.
Em resumo é isso, agora é esperar para ver se o PT conseguira organizar greves e manifestações depois da renúncia da Dilma. O “mandato tampão” do Temer não serve para o PT, então a Dilma deve renunciar o mais rápido possível para tentar evitar a cassação e fazer o Temer governar até 2018, permitindo uma reorganização do PT em torno do discurso populista.
Meu palpite é que Dilma renuncia antes de setembro. Temer terá duas opções: governar até 2018 com consequências imprevisíveis ou acelerar a investigação que pode cassar a candidatura de 2014 para realizar novas eleições o mais rápido possível. A segunda opção é a mais coerente.
(argento) ... é um bom palpite, baseado em análise, diria perfeita, não fosse a variável Dilma não aceitar a renúncia; acho que a deixarão sangrar até o fim do mandato e mais: quem ou qual partido, da sopa de letrinhas, assumiria a culpa pelas cagadas da Canalha toda?, se ela renuncia, assume, automaticamente, sozinha.
Excluir(argento) ... é, "Lulinha-Paz-e-Amor", sempre pregou a Luta de Classes e, um cara safo, dela fez proveito, acabou até virando "priZidente"; a coisa tá feia pro seu lado (um cara "safo" sempre se pode safar culpando o PSDB, o PMDB, o PP, as "alianças" e, em última "estância", o PT, Seu partido, né não?) ...
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