Marx por Loredano |
“Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os
melhores que emudecem. O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado, estão com
os idiotas de ambos os sexos.” Nelson Rodrigues
A cada dia que passa esse pensamento de Nelson fica mais
atual e absoluto. Hoje é praticamente impossível debater sobre algum assunto
cultural, político, social e outros tantos, sem que os idiotas, que outrora
limitavam-se a babar na gravata, explodam triunfalmente com suas máximas
facebookianas, lídimas herdeiras das citações de pé de página do Reader’s
Digest, e decretem suas verdades absolutas.
Mais ainda Nelson acerta ao atribuir esse formidável
despertar dos idiotas a Marx, quando este lhes delegou importância
exclusivamente pela onipotência numérica. À época, eles eram em maior número -
e ainda o são -, só que hoje, embriagados pelo falso crédito dado, acham-se no
direito de papaguear as asnices aprovadas e divulgadas pelos herdeiros do
alemão burguês de inexplicável prestígio, sem que tenham a menor noção do que
dizem, pela absoluta e total capacidade de um raciocínio minimamente lógico.
O cardápio deles é simples e óbvio ululante: elogiar e
apoiar as reivindicações dos gays e similares, atacar Israel e os judeus do
mundo inteiro sem dó nem piedade e, em consequência, defender os islâmicos, atribuir
as mazelas pelas quais, de tempos em tempos, passa o planeta Terra ao
“progresso desenfreado” das elites mundiais, que destrói o meio ambiente, e uma
certa ponderação quando alguém ataca o desgoverno do PT - até porque nem mesmo
aqueles que um dia acreditaram que essa quadrilha no poder pudesse dar em boa
coisa não acreditam mais, mas não querem dar o braço a torcer, só o dedinho...
É claro que há outros assuntos onde as “verdades” dos
idiotas também são expostas por eles, como a defesa dos indígenas para que
permaneçam na Idade da Pedra Lascada, do feminismo, do aborto indiscriminado,
da maconha, da liberação das drogas, enfim, da vasta gama de imbecilidades que
defendem, sem que em nenhuma delas tenham uma argumentação minimamente
plausível. É, porque é!
E eu não estou falando de gente qualquer, mas sim daquele
pessoal acima da média, que estudou para se formar, que teria por obrigação
saber o que diz, pelo menos com um mínimo de conhecimento sobre os assuntos que
se aventuram a palpitar, mas que se limita a papaguear dogmas politicamente
corretos.
Eu não vou me dar ao trabalho de contestar nenhuma delas
aqui e agora, já que faço isso há décadas, pontualmente, e vou continuar a
fazer em meus textos. Eu só optei pelo que Nelson Rodrigues chama do
“emudecimento dos melhores” - sem modéstia nenhuma - quando esses assuntos
forem tratados em debates verbais, para evitar atritos que extrapolem a
oralidade e, como diria o grande filósofo contemporâneo Roberto Jefferson, me
despertem os sentimentos mais primitivos.
A gota d’água dessa decisão foi em uma reunião
despretensiosa onde algumas pessoas e eu - todas maiores, vacinadas e relativamente
íntimas entre si - conversávamos sobre amenidades, até que um determinado
cidadão falou a palavra mágica: Brasília, mencionando o descontrole urbano da
cidade, que hoje apresenta níveis altíssimos de criminalidade e uma favelização
descomunal. É claro que uma coisa leva à outra e a outra leva à uma, já que
todas as favelizações geram bandidos e estes fazem de tudo para ampliá-las.
Foi então que caí na besteira de dizer que Brasília não foi
planejada, mas sim simplesmente projetada por Lucio Costa e Oscar Niemeyer apenas
para as necessidades da época, sem a menor visão de futuro. O projeto foi todo
baseado nos conceitos de Le Corbusier - a quem copiavam descaradamente - da
década de 1920, e dava exclusividade à estrutura rodoviária, up to date 40 anos
antes, mas que já não fazia mais nenhum sentido em 1960. De quebra, acrescentei
que ambos tinham seus egos bem maiores que as pranchetas e que suas obras nunca
passaram de uma exteriorização dos mesmos. Pra quê! Despertei a mesma reação
que despertaria se afirmasse que deus não existe em uma reunião de crentes.
Para a maioria esmagadora dos brasileiros “cultos” Niemeyer
é tão intocável quanto a Petrobras. Foi um tal de falar isso e aquilo sem
sentido, enaltecendo as “maravilhas” arquitetônicas do “mestre” que até
lembraram do plano piloto para a Barra da Tijuca, de Costa-Niemeyer. Quem
lembrou frisou bem que “a Barra não é nada daquilo que foi projetado”. Lembrei
então que, de triste memória e xerox autenticada do de Brasilia, o plano
transformaria o bairro em um imenso paliteiro, e que, de certa forma acabou
transformando mesmo, pois, ao contrário do que disse meu interlocutor, ele não
foi completamente abandonado, mas sim enxertado, e virou o monstro de
inviabilidade urbana que todo mundo conhece.
Com ares de “onde já se viu criticar Niemeyer” e um
sorrisinho de vitória nos cantos das bocas, óbvia e somente por estarem em
maior número, embora não tivessem contestado um só dos meus argumentos, os
idiotas tergiversaram, partiram para o islamismo e eu, mais uma vez com minha
grande boca, falei que as barbáries perpetradas em nome daquela religião só
cessarão quando o último dos aiatolás for subjugado pela força, a única
linguagem que entendem, já que o “resto” do mundo é tratado por eles como
inimigo mortal. E mais uma vez as vozes da insensatez estrilaram em uníssono -
pasme-se - culpando Israel e argumentando que as atrocidades cometidas pelos muçulmanos
são apenas o modo que eles têm para defenderem-se dos judeus.
Não querendo me aprofundar, apenas argumentei que não há
como um país com 20 mil km2 e pouco mais de oito milhões de
habitantes ser ameaça a mais de 400 milhões distribuídos em 13 milhões de km2.
Disse ainda que não há solução interna para países que adotam efetiva e
formalmente como constituição um livro religioso, o Corão, escrito ou ditado há
1500 anos e baseado no “sonho” de um homem louco.
Como era de se esperar, fui “derrotado” em meus argumentos
e, aos poucos, fui me calando, até que alguém disse: “Para o Ricardo, a solução
é matar comunistas e muçulmanos” e, virando-se para mim, com todos rindo o riso
da vitória triunfal da imbecilidade, “crioulos também?”.
Contei até dez, cocei a cabeça e mandei, em meio à evidente
aprovação da pergunta-afirmação “politicamente correta”: “Claro!, mas desde que
sejam tão idiotas quanto vocês que, enquanto existirem, vão servir de adubo às civilizações
amorais que ora emergem em toda parte, oriundas das mais diversas mentes doentias,
com a sua aquiescência e com seu estímulo, típicos de quem tem a preguiça
mental dos derrotados, dos emprenhados pelos ouvidos e dos seguidores de
modismos. Adubo, esterco, merda, é o que vocês são!”. Ou mais ou menos isso.
E mais não quis saber nem ouvir, para que os tais “instintos
primitivos” não se manifestassem em mim, já que sou bastante suscetível a eles.
Levantei-me e rumei para outro nicho, onde a idiotia manifestada era apenas a superficialidade
das fofocas televisivas.
Definitivamente encerrei o expediente. Conversa, debate ou
discussão, ao vivo e a cores, nunca mais!
Ricardo, você está equivocado em um ponto, Marx foi minoria irrisória até a chegada de Lenin ao poder na Rússia. Só para você ter uma referência, antes disso nunca existiu um Partido Comunista.
ResponderExcluirMilton, eu falei de idiotas, que sempre existiram. Comunistas são apenas uma parte deles. Foi Marx que, mal ou bem interpretado, proporcionou esse fabuloso despertar dos idiotas de que fala Nelson.
Excluir"Até o século XIX o idiota era apenas o idiota e como tal se comportava. E o primeiro a saber-se idiota era o próprio idiota. Não tinha ilusões. Julgando-se um inepto nato e hereditário, jamais se atreveu a mover uma palha, ou tirar um cadeira do lugar. Em 50, 100 ou 200 mil anos, nunca um idiota ousou questionar os valores da vida. Simplesmente, não pensava. Os “melhores” pensavam por ele, sentiam por ele, decidiam por ele. Deve-se a Marx o formidável despertar dos idiotas. Estes descobriram que são em maior número e sentiram a embriaguez da onipotência numérica. E, então, aquele sujeito que, há 500 mil anos, limitava-se a babar na gravata, passou a existir socialmente, economicamente, politicamente, culturalmente etc. houve, em toda parte, a explosão triunfal dos idiotas."
"Mais ainda Nelson acerta ao atribuir esse formidável despertar dos idiotas a Marx, quando este lhes delegou importância exclusivamente pela onipotência numérica". Marx delegava importância numérica ao proletariado apenas na questão da toma do poder, jamais na questão das ideias, inclusive porque Marx não aceitava o estudo das ideias (ideologia). Quem delegou esse poder que o Nelson fala foram os pseudo intelectuais da democracia, que transformaram democracia em "vontade da maioria".
ExcluirGrande testo, cheio de verdades. Também detesto Niemeyer, pessoa com um ego maior do que o talento, este que realmente possuía como criador, mas sem nenhum conhecimento estrutural, suas melhores obras tiveram de ser construídas com um fator de segurança muito grande, são incrivelmente caras e sem muito uso prático. Em minha concepção seria como um grande museu a céu aberto, com as obras do artista famosos expostas na grama, em paredes externas, e na parte interior nada mais do que os banheiros.
ResponderExcluirNo dia de seu aniversário de 100 anos, foi celebrado em seu apartamento em São Conrado, ao lado da Rocinha, com um banquete para 100 convidados que custou mais do que mil reais por pessoa, mas não foi convidado nem um dos vizinhos da Rocinha.
E ele que se dizia em alto e bom tom “Sou marxista Leninista e sempre combati a desigualdade”. Multimilionário, nunca criou como Bill Gates uma fundação para ajudar pessoas mais necessitadas. Grande hipócrita.
Tenho parentes, irmãos, que também convivemos congregados em certas ocasiões, como aniversários e coisas assim, e como você já fui debochado várias vezes como invejoso ao desprezar o ídolo das ineficiências.
Como água mole em pedra dura…, hoje me mantenho calado vendo a merda acontecer.
Sinto até vergonha de falar “I told you so”
Grade abraço Roberto Leite
É, caro Roberto, ante tanta asneira é bom emudecer. Não vou mais ficar batendo palma pra idiota dançar, mas sim dar-lhes corda para que eles mesmos se enforquem.
ExcluirDesculpe texto com S foi erro de digitação
Excluir(argento - do Linux e logado no Google) ... nosso Shakespiere tupiniquim nera bobo não!, conhecia a evolução da palavra "formidável" ao compor o texto - alguém já imaginou se todos os idiotas Despertassem ao mesmo tempo?; terrível ou maravilhoso?
ResponderExcluir(argento) ... é Shakespeare, seu burro! - a motivação do comentário acima, devo-a ao Milton, é que antes de entrar no Toma, tava fuçando o "G+" e dei de cara com uma arenga (ensaio) sobre Salto Quântico, disponível para download em:
Excluirhttps://dl.dropboxusercontent.com/u/94552853/Solucionando_o_Enigma_Quantico.doc
de onde destaco (vale a pena, pelo menos ler todo): "Seja como for que a matéria surgiu no universo, ela surgiu depois da energia e a partir da energia. Se é fato que em algum momento a energia começou a se transformar em matéria, por processos naturais, então é necessário descobrir se o processo parou, quando parou e porque parou, caso contrário não há como descartar a hipótese de que continua ocorrendo."
... para acrescentar: precede este "mistério" a criação do Universo ...
Obrigado Argento, outro amigo que leu o ensaio me enviou um vídeo muito interessante sobre a fórmula completa de E=mc2. Segundo minhas pesquisas, até o momento só existiram duas pessoas que entenderam a teoria da relatividade: o próprio Albert Einstein e outro físico que nasceu no mesmo dia, hora e local, e coincidentemente também se chamava Albert Einstein.
Excluirhttp://hypescience.com/voce-conhece-por-inteiro-a-mais-famosa-equacao-de-einstein/