quinta-feira, 8 de novembro de 2018

As mulheres de Bolsonaro

Gozado, Bolsonaro nomeou cinco mulheres e as feministas nem se manifestaram. Terá sido porque foram escolhas técnicas? Terá sido porque elas são competentes no que fazem? Terá sido porque elas não são esquerdopatas? 


Do Reacionário


Logo que o presidente eleito Jair Messias Bolsonaro anunciou os primeiros nomes de sua equipe de transição a imprensa e setores organizados das esquerdas saíram berrando que não haviam mulheres entre os indicados.

Detalhe: ninguém colocou na balança os currículos dos nomeados ou a afinidade política com o presidente eleito, apenas o gênero. E nenhum deles levou em conta que Bolsonaro jamais prometeu fazer uma equipe “diversa”, mas sim uma equipe competente independente das características particulares de cada um.

Bom, o que importa é que ao fim Bolsonaro acabou indicando quatro mulheres. A primeira foi a tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Márcia Amarílio da Cunha Silva, de 44 anos. Especialista em Segurança Pública, Márcia atualmente comanda o Centro de Ensino de Altos Estudos Oficiais do Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal. Além de Márcia, Bolsonaro indicou outras duas militares para a transição de governo: Liane de Moura Fernandes Costa e Silvia Nobre Waiãpi.

Liane de Moura Fernandes Costa é graduada em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Tocantins, com especialidade em construções sustentáveis. Ingressou no Exército em 2009, atuando na seção de meio ambiente do Departamento de Engenharia e Construção (DEC). Segundo reportagem da BBC, ela possui ainda licenciatura em Educação Profissional pelo Instituto Federal de Brasília (IFB) e já foi professora substituta do Curso Técnico em Controle Ambiental na mesma instituição, ministrando aulas de Tratamento de Água, Introdução ao Controle Ambiental e Gerenciamento de Resíduos Sólidos Há pouco menos de um ano Liane deixou as Forças Armadas após cumprir seu tempo de serviço na instituição (já que não era militar de carreira), cujo prazo máximo é oito anos. Agora tenente da reserva, Liana atua como estagiária na área de engenharia do IBAMA.

Já Silvia Nobre Waiãpi é mais conhecida dos brasileiros por ter sido a primeira mulher indígena a ingressar no Exército Brasileiro. Fisioterapeuta de formação, Silvia comanda o Serviço de Medicina Física e Reabilitação em Fisioterapia do Hospital Central do Exército no Rio de Janeiro. Além de seu trabalho médico nas Forças Armadas, a tenente é atleta e escritora premiada com a medalha Cultural Castro Alves, a medalha Monteiro Lobato e também um prêmio de jovem escritora da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul. Para chegar a este status social e profissional, Silvia teve que superar não só a condição de indígena como a própria pobreza: a militar chegou a ser moradora de rua e vendedora de livros antes de concluir sua formação. Uma curiosidade é que ela atuou como atriz em uma minissérie da Rede Globo interpretando justamente uma indígena que havia sido retirada de sua tribo para trabalhar como doméstica.

Outro grande nome técnico designado por Bolsonaro foi a economista e professora universitária Clarissa Costalonga e Gandour é especialista em monitoramento da eficácia de políticas públicas para preservação do meio ambiente. Ela tem graduação, mestrado e doutorado na faculdade de economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Atualmente é analista sênior do escritório carioca do CPI (Climate Policy Initiative), onde coordena o desenvolvimento de projetos estratégicos.

Curiosamente a indicação da primeira mulher já confirmada para ocupar um ministério não foi escolha do presidente, mas sim o cumprimento de uma promessa de campanha – que era a de consultar a bancada ruralista sobre a indicação para ocupar o Ministério da Agricultura. A escolhida foi a deputada federal Tereza Cristina, do Democratas do Mato Grosso do Sul. Além de empresária, Tereza é engenheira agrônoma formada pela Universidade Federal de Viçosa  e especialista na gestão do agronegócio. Presidiu importantes entidades como a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado (Famasul), a Associação dos Produtores de Sementes do Estado (Aprossul) e a Associação dos Criadores do Estado (Acrissul). Tereza Cristina foi secretária de Desenvolvimento Agrário da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul durante o governo de André Puccinelli (MDB). Neste ano, Tereza Cristina foi uma das lideranças que defenderam a aprovação do Projeto de Lei 6.299, que flexibiliza as regras para fiscalização e aplicação de agrotóxicos no país. Em 2014 Tereza concorreu ao cargo de deputada federal pelo PSB e foi eleita com 75.149 votos. Depois de ter liderado a bancada na Câmara, a deputada começou a ter problemas  com os socialistas por conta do impeachment de Dilma Rousseff (a deputada votou sim). Posteriormente Tereza não aceitou a posição de apoio ao petismo adotada pelo PSB depois do impeachment, fato que a levou a romper de vez com os socialistas. A partir daí Tereza se aproximou do DEM, partido na qual se filiou em dezembro de 2017. Líder da Frente Parlamentar do Agro, a deputada declarou apoio a Jair Bolsonaro mesmo antes de seu partido fechar com a chapa de Geraldo Alckimin. Reeleita deputada federal em 2018, pediu votos para Bolsonaro em seu estado. Quando o presidente eleito pediu que a Frente Parlamentar do Agro indicasse um nome para ocupar o Ministério, Tereza Cristina foi aclamada por seus pares. A indicação foi muito elogiada pelo mercado e pelos produtores rurais. Quem também se entusiasmou com Tereza foi o tucano Xico Grazziano, um dos quadros técnicos de maior prestigio no partido que por acaso é engenheiro agrônomo, doutor em administração , professor universitário e ex-secretário do Meio-Ambiente de São Paulo. Segundo ele, foi um golaço.

Notem que todas as indicações de mulheres não obedeceram a máxima pregada pelas esquerdas sobre a necessidade de “representatividade pela representatividade”, ou seja, coloca qualquer um apenas para fazer bonito sem se preocupar com resultados. As escolhas foram técnicas, e por acaso os nomes mais qualificados eram de cinco mulheres – sendo que uma delas é indígena. É evidente que a esquerda não gostou, tanto que tratou logo de detonar alguns nomes. Tereza Cristina foi atacada por ser defensora da adoção de uma política flexível e moderna com os defensivos agrícolas. Por conta disso foi apelidada de “Muda do Veneno” pelos amigos do MST, e sua escolha para o ministério foi classificada de “retrocesso”. Já a tenente Silvia Nobre Waiãpi foi atacada por Sonia Guajajara (vice de Guilherme Boulos nestas eleições). Para a india comunista, “Silvia não é liderança e nem fala pelos índios mesmo sendo indígena”. Mas isso é meio óbvio: ela não foi nomeada por ser índia ou mulher, mas por ser competente e ter o que acrescentar na transição para o novo governo. O mesmo pode ser dito sobre todas as outras, que mesmo sendo mulheres tiveram que provar que seus currículos as qualificavam para a posição. Esta forma de seleção meritocrática é exatamente o que os brasileiros que elegeram Bolsonaro esperavam dele, para o desespero dos extremistas que vivem de demagogia.

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