Algumas observações minhas sobre o Transtorno (Síndrome) do
Pânico, extraídas de um longo artigo que escrevi (aqui) sobre os 25 anos que
convivi com essa praga.
Não lutar contra um ataque de pânico: é inútil. O máximo que
se pode fazer é, se estiver dirigindo, por exemplo, parar o carro e esperar
passar. Pare tudo que estiver fazendo e não relaxe nem goze: é impossível.
O ataque de pânico não mata.
Os ataques só dão sinais em cima da hora, um minuto antes ou
menos. No meu caso era uma batida meio “em falso” do coração.
Nada adianta tentar controlar a respiração, contar de um a
cem ou dar cambalhotas. Ainda outro dia eu vi na TV uma mulher se dizendo
especialista em pânico e recomendando que se faça doze respirações lentas ao
surgir uma crise. Só pode ser piada. Se alguém conseguir pelo menos respirar,
mesmo que mal, já é um adianto. Ninguém consegue pensar em absolutamente nada
nessas horas.
Os ataques variam entre cinco e dez minutos. Não é uma
regra, mas é mais ou menos por aí. Também não adianta olhar para o relógio,
ninguém enxerga nada nessas condições.
A primeira providência que qualquer um deve tomar depois da
primeira crise é consultar um psiquiatra, de preferência que tenha profundo
conhecimento sobre as drogas (medicamentos). Não há outro caminho. Se não
houver tratamento adequado, muitos e muitos outros ataques virão.
Hoje já há drogas bastante eficientes para tratar o pânico
que, praticamente, não apresentam efeitos colaterais, a não ser um ligeiro
soninho no começo do tratamento.
Nunca se auto-medicar. Nem que um suposto “curado” diga que
determinado medicamento é infalível. Quem tem que dizer isso é o médico que, se
for bom mesmo, saberá avaliar qual a droga mais indicada para o caso de cada
um.
É fundamental que o médico inspire confiança ao paciente,
mas jamais acreditar naqueles que dizem “isso é mole de curar” é essencial. Não
é mole não! Eu já fui a alguns desses. São os mais ignorantes sobre o assunto.
É essencial prestar muita atenção em si mesmo. Ao passar
informações detalhadas sobre si próprio ao seu médico é garantia de pelo menos
50% de sucesso no tratamento. Prestar atenção nos mínimos detalhes que pareçam
estranhos, mesmo que, para o panicado pareçam irrelevantes, é essencial para um
melhor diagnóstico.
Não acreditar em ervas milagrosas, chás, homeopatia ou
demais tratamentos “alternativos”. Todos os panicados já fizeram tudo isso e
nada deu certo.
Não ligar para palpites, opiniões, críticas ou sugestões de
amigos, parentes ou conhecidos. Quem está com o seu na reta é quem tem pânico
e, quem nunca teve, não pode avaliar a dimensão do problema. Mandar à mer#$%da,
com todas as letras, quem fizer pouco do problema é uma boa válvula de escape.
Quem tem pânico sem tratamento é um eterno ansioso e, eu
garanto que, duas doses de qualquer bebida alcoólica alivia essa ansiedade –
isso é até cientificamente provado -, mas, o maior problema é ficar só nas duas
doses. Portanto, se alguém é chegado em um goró, como eu, que tome muito
cuidado: a sensação de alívio é diretamente proporcional ao perigo de virar um
alcólatra por conta disso. E mais: é bom lembrar que a ressaca é crise certa e
que o fígado é um só. O álcool não é tratamento. Tanto pode funcionar como um
paliativo eficiente ou como um inimigo mortal. É bom não arriscar. A história
de “não ter ressaca – manter-se bêbado” é piada de mau gosto.
Um ligeiro colírio: não compensa o sofrimento, mas a
sensação logo depois de se passar por um ataque de pânico é quase a de um
orgasmo.
Até aonde eu entendo, a síndrome do pânico é um conjunto de sintomas parecidos, mas com causas diferentes, por isso um medicamento pode ser bom num caso mas não no outro. Algo que poderia ser útil é um banco de dados com as características de cada caso, detalhando o máximo possível os sintomas e as circunstâncias em que ocorrem os ataques, permitindo um paralelo entre casos semelhantes tratados com o mesmo medicamento. Casos que ainda não encontraram tratamento adequado também deveriam constar no banco de dados, com os respectivos tratamentos já tentados.
ResponderExcluirPermita-me Milton, mas nisso sou PHD leigo.
ExcluirMuita gente confunde ansiedade e medo com o Transtorno do Pânico. Existe uma diferença básica e simples: ambos têm causas palpáveis e o pânico não - ele vem sem aviso e sem motivo.
E a causa é uma só: o desequilíbrio da serotonina no cérebro causado pela "pane" das sinapses neuroniais. A grosso modo a serotonina - que é uma amina que controla ansiedade, medo, depressão, sono e percepção à dor - é mal aproveitada por causa da tal "pane" e passa a atuar de maneira desordenada.
Hoje há medicamentos cuja arquitetura foi desenvolvida exclusivamente para a recaptação e reordenação dessa serotonina bêbada através da regulagem das sinapses, os ISRS.
Afirmo, sem medo de errar, que o pânico é resultado desse problema bioquímico e que, portanto, não pode ser tratado por psicoterapias, sejam elas quais forem. Aliás, essas psicoterapias podem até atuar como verdadeiras panelas de pressão, mascarando sintomas por algum tempo até que explodam, como foi meu caso ao me tratar com hipnose, quando fiquei uns seis meses sem crises e me achei o dono do mundo, até que veio a primeira "bomba" e tudo voltou pior que antes.
Como a Síndrome do Pânico não é um negócio fácil de ser detectado em laboratório é essencial prestar muita atenção em si mesmo às primeiras desconfianças e passar o máximo possível de informações ao psiquiatra para que este avalie com correção e receite os medicamentos adequados.
Primeiro quero dizer que eu não aconselho psicoterapia ou psicologia em nenhuma situação, considero a psicologia uma mistificação. O banco de dados ajudaria justamente para identificar nuances, como a serotonina falha de formas diferentes, o medicamento também precisa ser diferente, seriam essas nuances que ajudariam a descobrir o remédio que deu certo para um e não para outro, mas o grau de eficiência disso também é uma incógnita.
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