Artigo de Miguel do Rosário publicado em 26 de Março de 2006
e comentado por mim no site petralha O Informante, criado para dar uma forcinha
à reeleição do apedeuta, onde lacerdista e reacionário eram elogios a mim. Para
a maioria dos comentaristas er era um filho da puta mesmo.
Miguel do Rosário: Indignação seletiva
A “opinião pública” dos jornais tem, pelo jeito, uma
indignação totalmente seletiva. Quando informações sigilosoas vazavam da CPI e
paravam nas redações de jornais, não houve uma só voz que se erguesse contra
esse tipo de violação jurídica e moral. Não foi um caso não. Foram vários.
Quando a oposição suborna testemunhas para afirmarem que o
viram em casas frequentadas por prostitutas, levando-as para o centro do palco
midiático das CPIs, nenhum sopro de indignação passa pelas salas
ar-condicionadas dos jornais.
Quando Fernando Henrique Cardoso diz a seu colega, em
gravação tornada pública, que o BNDES deveria favorecer o grupo de Daniel
Dantas na compra da Telemar, nenhuma voz se levanta.
Quando uma desembargadora - e isso é recente - reabre o
processo contra a privatização da Vale do Rio Doce, afirmando que há diferenças
superiores a mais de 100 bilhões de reais entre o preço de venda e o valor real
da empresa; que jazidas inteiras de ouro, urânio, nióbio, foram subavaliadas ou
sequer mencionadas, no relatório da empresa norte-americana, Merril Lynch, que
avaliou o preço da mineradora; que a avaliadora Merryl Linch estaria ligada aos
grupos compradores; ninguém se revolta, ninguém estranha.
Quando um caseiro empregado numa casa pelo PSDB recebe
dinheiro de seu suposto pai, do PFL, para depor contra o ministro da Fazenda,
segundo cargo executivo mais importante do país, provocando risco de
desestabilização econômica, fazendo o país perder não se sabe quantos milhões
ou bilhões por causa de investimentos que não são feitos à espera dos fatos,
não há uma voz que se alevante contra esses absurdos.
Agora, quando um par de repórteres tem a sorte de pôr a mão
no extrato do caseiro, o mundo vira de cabeça para baixo. A privacidade que
negam às mais altas figuras da República querem preservar para um dedo-duro de
aluguel? Quem mais merece privacidade?
A participação de Nildo no processo de destabilização do
ministro da Fazenda e, portanto, do governo federal, gerando insegurança em
todo país, torna-o automaticamente uma figura pública, peça chave na sangrenta
luta entre governo e oposição. Não é mais um simples cidadão. A própria mídia o
expôs. Qualquer informação relativa à ele passa a ter um valor
ultra-dimensionado. Sendo uma pessoa simples, não deve ter sido difícil à
imprensa conseguir dados relativos à conta bancária. Sua senha deve ser sua data
de aniversário, ou coisa parecida. Sei lá.
Entendam bem: evidentemente que sou contra a violação do
sigilo bancário sem prévia autorização judicial. Mas peraí. Agora a mídia vai
usar um dedo duro de aluguel para desmoralizar a Polícia Federal, a Caixa Econômica
Federal? É demais! A Caixa Econômica nunca teve uma gestão tão competente,
gerando lucros e oferecendo tanto crédito a seus clientes. Nunca foi tão
respeitada. A Polícia Federal, idem. Nunca antes a PF prendeu ou autuou tantos
figurões, sonegadores, traficantes e contrabandistas de alto gabarito.
Vem cá. Os bancos não são obrigados a informar as
autoridades sobre toda a movimentação suspeita? Uma movimentação financeira
suspeita por parte de um sujeito que está acusando violentamente o ministro da
Fazenda não seria caso de ser informada à Polícia Federal?
Vem cá, essa mídia não vai ao menos pesquisar com mais
acuidade a procedência desse dinheiro? Não vai estranhar, no mínimo, estranho,
que um pai aceite dar 40 mil reais para um filho sem exigir o exame de DNA? Não
vai achar estranho que, mesmo se for o pai do garoto, ele pertença ao PFL?
É sumamente engraçado agora ver como a declaração do
ex-presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Nelson Jobim, defendendo o sigilo
bancário, é alçada à paradigma das linhas editoriais. Peraí, é óbvio que Jobim
defende o sigilo bancário. Sobretudo diante de perguntas desse calibre,
sobretudo em face de sua atuação sempre defendendo o sigilo das pessoas. Mas,
na época em que defendeu o sigilo bancário de Paulo Okamoto, por exemplo, todos
o atacaram, violentamente. Virou herói agora?
O jogo sujo começou. A oposição joga sujo, joga pesado.
Criam situações tensas, que acabam provocando reações apressadas por parte do
governo, o que por sua vez é explorado ainda mais pela mídia. A população tem
que estar atenta. O governo também erra, ainda mais sob ataque de armas sujas,
acusações que mancham a honra pessoal das figuras, perturbando as relações
familiares dos envolvidos. Mas há que se separar o joio do trigo. Errar é
humano, atentar contra o país, contra a República, contra o bem estar nacional
é um crime infinitamente superior a qualquer violação de sigilo, crime aliás
comum na mídia e que nunca despertou nenhuma indignação.
A principal razão da indignação é que a oposição midiática
tinha no caseiro uma de suas armas mais importantes. A revelação de que ele
recebeu 40 paus para denunciar o ministro criou um constrangimento enorme,
porque é a prova de que a oposição vem fazendo isso sistematicamente. Lembram
daquela tal Karina? Pois é, sumiu da mídia, mas logo após depor contra o
governo decidiu se candidatar pelo PSDB, depois pelo PFL. E assim caminha a
humanidade, tropeçando em traidores da pátria.
Ricardo Froes | 03.26.06 - 6:27 pm | #
A militância lulista enlouqueceu de vez e anda atirando a
esmo para ver se consegue caçar – ou cassar – algum tucano desprevenido, mas,
ao olhar só para cima, cada vez mais se esquece de olhar onde pisa e se atola
até a raiz dos cabelos na própria lama do atual governo. A desinformação é
tanta e a preocupação com seus próprios erros tão pouca que esse artigo de
Miguel do Rosário ficou pelo menos quatro dias sem que alguém notasse que o
autor trocou Telemar por Telebrás.
Uma das coisas mais chatas dos militantes é a insistência em
reclamar das privatizações, quase sempre recaindo na da Vale do Rio Doce, como
se ela funcionasse às mil maravilhas quando era estatal. Devia funcionar mesmo,
que o digam os 105 funcionários lotados no gabinete da presidência da empresa,
um lugar onde mal cabiam dez pessoas. Mas o texto do Miguel é o primeiro em que
leio uma avaliação tão estapafúrdia, uma diferença de 100 bilhões de reais
entre o valor de venda e o valor real da Vale. Essa diferença, segundo o autor,
é justificada pela subavaliação ou omissão pela Merryl Linch de jazidas
inteiras de ouro, urânio e nióbio. Será que Miguel do Rosário tem noção do que
sejam 100 bi? Será que ele sabe que o artigo 20 da Constituição afirma que são
bens da União “os recursos minerais, inclusive os do subsolo”? Ou que o artigo
176 diz que “as jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os
potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo,
para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União”?
Outra coisa que irrita é a tal da Lista de Furnas, meia
dúzia de cópias grosseiramente falsificadas, conforme laudos do Instituto
Nacional de Criminalística, órgão da Polícia Federal e dos peritos Mauro Ricart
e Celso del Picchia. Além disso, não faz o menor sentido uma lista que tenha
156 políticos beneficiados pelo caixa 2 não ter ninguém do PT, cujos membros,
ultimamente, não andam dando muita importância ao título que lhes foi
auto-outorgado de bastiães da ética. Sem contar com a principal fonte, Nilton
Monteiro, lobista, réu em onze processos, incluindo estelionato, falsificação
de documentos e que agora acaba de ser indiciado pela Polícia Civil de Minas
Gerais por calúnia e difamação.
Sendo Nilton Monteiro um notório transgressor de leis em que
os petistas e lulistas depositaram todas as suas derradeiras fichas, ao aceitar
como verdades uma meia dúzia documentos falsos e acusando sem provas tanta
gente eu pergunto: por que não acreditar em um caseiro que só testemunhou o que
viu? Por que o PT se acha no direito de expor a vida privada de um cidadão que
sabe-se lá o quanto sofre com sua situação familiar e se dispôs apenas a
testemunhar? Palocci, o acusado, ao contrário do que Miguel afirma, não teve
sua vida pessoal devassada e nem tampouco seu sigilo bancário quebrado. Dizer
que um “sujeito está acusando violentamente o ministro” é uma grossa besteira
porque uma testemunha não acusa, apenas certifica ou atesta a veracidade de um
ato ou que dá esclarecimentos acerca de fatos que lhe são perguntados,
afirmando-os ou negando-os e, mesmo que pudesse acusar, onde está a violência,
a não ser as que foram cometidas contra o próprio Nildo?
Fica também uma dúvida sobre a PF: qual será a avaliação
correta sobre ela? A do Dimasduto, que é morosa e prejudica as acusações
petistas ou a do Paloccigate que “nunca teve uma gestão tão competente. (...)
Nunca antes a PF prendeu ou autuou tantos figurões, sonegadores, traficantes e
contrabandistas de alto gabarito”? Tal como na Lista de Furnas, no caso do
caseiro o PT acusa sem provas. Nildo, segundo o texto, virou agora “dedo-duro
de aluguel” sem que o autor da acusação tenha a mínima condição de provar.
Leviandades puras e injustificáveis, mesmo que se leve em conta o desespero da
militância já sem munição para contra-atacar, o despreparo da esfrangalhada
turma governista e a incompetência congênita de parte da esquerda que deveria
estar usando fraldões geriátricos para não emporcalhar mais ainda o solo
pátrio.
Não saber que o minério que está no subsolo é da união, já é o suficiente para mostrar a ignorância do indivíduo, mas a coroa da estupidez ele merece mesmo por dizer que a Merril Lynch não mencionou jazidas inteiras (existem meias jazidas?) no relatório.
ResponderExcluirAlguém saberia explicar como é possível comprar algo que não consta no relatório daquilo que foi comprado? Até aonde consigo entender, quando alguém tem dez casas e coloca apenas cinco delas no contrato de compra e venda, significa que as outras cinco não foram vendidas. Estou enganado?
(argento) ... única certeza: as outras cinco NÃO foram alvo deste contrato ...
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