Antonio Temóteo
Correio Braziliense
Idolatrado por 10 em cada 10 executivos pela disciplina nos
negócios, admirado no mercado financeiro pela compra de ícones norte-americanos
como a fabricante de cervejas Anheuser-Busch, dona da Budweiser, e sócio de
Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo, Jorge Paulo Lemann não goza
do mesmo prestígio no Palácio do Planalto. Desde o fim da corrida eleitoral que
reelegeu Dilma Rousseff à Presidência da República, ele tentava, sem sucesso,
marcar um encontro com a chefe do Executivo.
Integrantes da equipe econômica e parlamentares
confidenciaram ao blog que Lemann foi colocado na geladeira por dois motivos.
Fez campanha para o então candidato à Presidência Aécio Neves e falou mal de
Dilma durante o processo eleitoral, algo que contraria sua postura discreta. As
ofensas chegaram aos ouvidos da petista. Irada, a presidente decidiu negar os
pedidos de encontros feitos pelo homem mais rico do Brasil após a reeleição.
Só mudou de ideia depois do apelo de diversos auxiliares
para que atendesse Lemann. Mas Dilma fez questão de emitir sinais de que ele
havia perdido o prestigio de outrora. Primeiro, a reunião entre os dois foi
colocada na agenda oficial, coisa que não costuma fazer quando se encontra com
os executivos próximos que consulta para tomar decisões sobre os rumos da
economia. Segundo, Lemann foi identificado como “empresário suíço-brasileiro”.
Ele mora em Zurique, mas nasceu no Rio de Janeiro.
Ao chegar na garagem do Palácio do Planalto acompanhado de
três assessores com 10 minutos de antecedência ao horário do encontro, o
terceiro desconforto. O nome do visitante não constava na lista dos seguranças.
Um assessor de Lemann precisou ligar para o gabinete de Dilma para solicitar a
liberação para entrada. Quando a presidente recebe alguma autoridade
reservadamente, costuma deixar uma pessoa esperando na garagem e deixa a
disposição o elevador privativo.
Na caminhada até os elevadores comuns do Palácio do
Planalto, o blog perguntou a Lemann qual seria o tema da reunião. Visivelmente
constrangido, respondeu que estava ali para falar sobre educação. Questionado
sobre o momento econômico do país, um assessor não deixou que respondesse. “A
gente não está dando declaração”, resmungou o auxiliar, e os quatro se
dirigiram ao gabinete presidencial.
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