Comentários de 2006 no site petralha "O Informante".
Ricardo Froes | 07.03.06 - 4:19 pm | #
Ricardo Froes | 07.03.06 - 4:19 pm | #
Tive frouxos de riso ao ler a afirmação do deputado Edson
Santos “que o governo não tem conseguido dar visibilidade aos seus feitos e
avanços”, quando o que mais vejo e ouço são auto-elogios aos programas sociais,
à economia, à educação e, pasmem, até às estradas. Lula, quando faltam obras,
às vezes inaugura até duas vezes a mesma coisa só para aparecer, e o deputado
ainda reclama de falta de visibilidade. Segundo ele “isto acontece porque nossa
preocupação é maior com o realizar do que com o divulgar”. Pela madrugada!
Parece que o mentir descaradamente agora foi definitivamente
incorporado ao programa do PT.
luiz claudio pinheiro
| 07.04.06 - 12:41 am | #
O leitor Ricardo Fróes está cego, é vítima da desinformação.
É preferível considerar as coisas assim; do contrário, seria forçoso concluir -
perdão por usar a mesma linguagem - que mentiroso descarado é ele. A elite
branca e o esquerdismo inconseqüente podem repetir suas ladainhas o quanto
quiserem, mas o fato é que o governo Lula tem forte caráter popular. [...] Por
que? O Bolsa-Família e demais programas sociais podem explicar parte do
fenômeno, mas não haveria redistribuição de renda, e todo esse castelo de
popularidade já teria ruído, não fosse o cenário de forte valorização dos
salários, em especial do mínimo, ao lado da consistente geração de emprego e da
recuperação do mercado formal de trabalho. Tem gente que não se dá conta de que
o salário mínimo, entre dez/02 e maio/06, teve uma valorização de 65,5% em
relação à cesta básica. Em janeiro/03, quando Lula tomou posse, a cesta básica
(média nacional, apurada pelo Dieese) custava R$ 143,54. Após três anos e cinco
meses, ela subiu apenas R$ 13,68 (+9,5%), e fechou maio/06 em R$ 157,22 - muito
abaixo de qualquer índice de inflação. No mesmo período, o salário mínimo
passou de R$ 200 para R$ 350 (+75%), e portanto valorizou-se 65,5% em relação à
cesta básica. Em janeiro/03, um salário mínimo comprava 1,39 cesta básica. Em
maio/06, ele foi suficiente para comprar 2,22 cestas básicas. [...] Nossa dívida externa líquida foi reduzida
em 40%, de U$ 165 bilhões para U$ 100,2 bilhões, em apenas três anos (até
dez/05). [...] Já era, já passou,
estamos livres, fora daqui o FMI. Ainda temos dívida, mas muito menor, e
estamos longe da inadimplência. Reconhecem isso, os barões da elite branca? [...]
Omitem a situação financeira trágica deixada pelo sr. FHC, que endividou
criminosamente o País, além de tê-lo privatizado em benefício político próprio
e de sua turma de tucanos emplumados. Fingem
ignorar, e solenemente, que os banqueiros reinam, e há muito tempo, não só
no Brasil, mas em todo o mercado internacional. Não vêem que a dívida diminui (e portanto a dependência em relação aos
banqueiros também), que os juros diminuem, que a inflação diminui, enquanto
aumentam os salários, o emprego, as reservas soberanas do País. [...]
Ricardo Froes |
07.04.06 - 4:45 pm | #
Vamos fazer de conta que Lula não faz uma política populista
desmedida e que não gasta o dinheiro público à tripa forra para fazer
propaganda dessa política. Vamos fingir que Lula é realmente inocente nessa
história de mensalão e também vamos fingir que o mensalão não existiu. Vamos
ignorar todas as acusações infundadas sobre o governo, lulinhas, gamecorps e
tudo mais porque, como bem disse Luiz Claudio, ainda existe muito a ser dito, o
espaço é curto e eu quero me referir a alguns dados não pertinentes ao tema do
artigo, mas que foram abordados no comentário anterior, já que parece que essa
aula de lulismo foi direcionada a mim.
Primeiro os números. Exibidos assim, friamente, realmente
são um prato cheio, embora eu não veja vantagem nenhuma em se comparar o atual
governo com o que os petistas e lulistas chamam de pior governo da história do
Brasil. Em todo caso, vamos em frente.
Em junho de 1994, a inflação foi de 46,58% (IGP-DI), que
projetada para um ano daria algo em torno de 9.700%. Aí veio o Plano Real.
Segundo o IBGE, nos quatro primeiros anos de FHC o IPCA foi 22,41%, 9,56%,
5,22% e 1,65% respectivamente, contra 9,3%, 7,6%, 5,69% e aproximadamente 4%
projetados para 2006, nos quatro primeiros anos do governo Lula. É fácil
enxergar, até para o mais empedernido petista, quem realmente tirou o Brasil do
sufoco e sustentou, durante seus quatro primeiros anos de mandato, uma
estabilidade econômica invejável depois de tantos anos de hiperinflação. Lula,
quando assumiu, pegou um mar de almirante e teve pelo menos o bom senso de não
mudar muito a rota, além de ter sido beneficiado pela estabilidade econômica
mundial, ao contrário do governo anterior, que teve que segurar vários pepinos
importados.
Fatos um pouco mais subjetivos, como pagamentos antecipados
da dívida externa também são citados com vanglória, embora à luz dos analistas
do mundo inteiro, o dinheiro usado para quitar as dívidas antecipadamente teria
rendido muito mais do que os juros cobrados se fossem pagos em seu vencimento.
Um erro proposital que rendeu frutos ao seu público-alvo: os pobres que não
incomodam e os seguidores da cartilha acham agora que Lula, além de herói, é
mágico e criou dinheiro do nada. As privatizações, tão malvistas pelos
defensores do inchaço estatal e tão criticadas por terem sido supostamente
sub-avaliadas, têm hoje na Vale o exemplo do quanto estava errado quem era
contra. Em nove anos de gestão privada, paga mais em impostos do que o valor da
sua mais justa avaliação na época, bateu o recorde de lucro anual na América
Latina e gera 30% a mais de empregos que quando era do Estado, com a vantagem
de não ser mais encosto de parentes de políticos. Quanto às roubalheiras nas
privatizações, é claro que houve, afinal vivemos até hoje em um país
capitalista e não podemos ser tão inocentes a ponto de ignorar os
atravessadores, como Daniel Dantas que até hoje transita livremente entre as
hostes palacianas, tendo como advogados grandes amigos de Lula e Dirceu.
A rigor, Lula nunca foi de esquerda, nem de direita e nem
nunca teve planos concretos sobre coisa nenhuma a não ser sobre si próprio.
Quem o conhece sabe que aquele sindicalista que vociferava em público em defesa
dos seus companheiros fazia conchavos espúrios quando se reunia com os
empresários, com a burguesia e com o poder. Sempre foi assim e não seria de
outra maneira para ter sido escolhido por Petrônio Portela como o “enfant gaté”
do sindicalismo junto à ditadura. Sempre foi o “morde e sopra”, o arame liso,
que cerca mas não machuca. E continua assim até hoje. O único perfil que foi
mudado em três anos e meio de Lula foi o seu próprio, mostrando a faceta
despótica até então desconhecida, daquele que nada vê ao seu redor e defende
seus comandados até a situação ficar insustentável para, então, livrar-se deles
como se joga lixo fora, tal e qual fez com Palocci e Dirceu. Mas o perfil do
povo continua o mesmo, apenas com a variante de, a título de distribuição de
renda, receber esmolas que, a rigor, não alteram em nada a sua situação caótica
de saúde, educação, cultura, saneamento, transporte e segurança. Estão aí os
dados em qualquer jornal para quem quiser ver (me refiro a dados oficiais,
divulgados pelo MEC, outros ministérios e secretarias).
Mas, infelizmente, não há nenhum outro candidato que seja
menos ruim que Lula. Alkmin é uma piada de mau gosto, Heloisa Helena é um erro
em essência e o resto é resto mesmo. Pior ainda é imaginar que o Congresso não
vai se renovar, que, segundo o TCU, 2.900 políticos que estariam impedidos de
se candidatar podem se valer da frouxidão da Justiça para fazê-lo e ter a
certeza que daqui a quatro anos e pouco PT e PSDB estarão juntinhos no poder.
Quem viver, verá.
luiz claudio pinheiro | 07.06.06
- 10:32 am | #
Vamos fingir,
sr. Ricardo Fróes, vamos fingir que Lula traiu seu compromisso histórico de
governar para a classe trabalhadora, e que o apoio popular ao presidente é
fruto do mensalão, do esmolão que ele paga aos mais pobres, [...] vamos fingir
mais ainda, sr. Ricardo Fróes, vamos
fingir que o nobre objetivo da cruzada de denúncias contra o mensalão é
restaurar a moralidade, e que depois do PT ser derrotado eleitoralmente o
Brasil voltará a ser governado por gente honesta como antes.
Vamos fingir
mais longe, sr. Ricardo Fróes, [etc....] Aqui abro um parênteses, Fróes, porque
o sr. citou alguns índices de inflação da década de 90, mas não chegou a 2002.
Vamos refrescar nossa memória, começando pelo IGPM: em outubro/02, o índice
atingiu 3,87% - veja bem, foi no mês, não no ano; em novembro/02, subiu para
5,19%; e em dezembro/02 fechou em 3,75%. Então, o IGPM acumulado no último
trimestre de 2002 foi de 12,83%. Hoje, o IGPM acumulado dos últimos 12 meses
está em 0,87%, quase quinze vezes menor que o acumulado apenas no últimos três
meses do governo FHC! Vamos agora ao IPCA: outubro/02, 1,31%; novembro/02,
3,02%; dezembro/02, 2,10%. IPCA acumulado no último trimestre de 2002: 6,43%.
Projetados para doze meses, esses números representam um índice anualizado de
quase 28%. Foi esse o “mar de almirante” que Lula teve que navegar ao tomar
posse. Hoje, o IPCA acumulado dos últimos 12 meses (junho/05 a maio/06) está em
4,23%, com tendência à queda.
O que mais desejamos fingir, sr. Ricardo Fróes? Ah sim,
vamos fingir que a privatização da Vale do Rio Doce, empresa que detém a
titularidade das nossas reservas minerais, foi um excelente negócio para o povo
brasileiro, pois o Brasil livrou-se desse patrimônio, recebeu 3 bilhões de
dólares em pagamento, e hoje tem a alegria de ver esse pujante empreendimento
privado transnacional faturar a cada ano um valor aí, sei lá, perto dos 15
bilhões de dólares, é sempre difícil memorizar os resultados de uma grande
empresa privada, mas com certeza é um privilégio para nós brasileiros sabermos
que a Vale fatura por ano várias vezes mais o valor pago, e com financiamento
do BNDES, na privatização; pois é, Ricardo Fróes, e aqui podemos fingir também que o governo Lula não recuperou a
dignidade e o papel do BNDES como órgão de fomento do nosso desenvolvimento
industrial, e podemos fingir também que FHC não havia rebaixado esse banco
para outras missões, como financiar as privatizações e até mesmo algumas casas
noturnas para executivos em São Paulo. [...]
Ricardo Froes |
07.04.06 - 4:45 pm | #
Eu quero fingir mais só mais uma coisa, Sr.Luiz Claudio
Pinheiro: que o Sr. não entendeu que, ao comparar os dois governos, eu usei os
períodos correlatos, ou sejam os quatro primeiros anos de cada, apenas para
estabelecer parâmetros mais justos.
Encerrados os fingimentos, vamos ao que interessa.
Eu acho que não é preciso esclarecer que, ao citar os IGPMs
e IPCAs de outubro, novembro e dezembro de 2002, o Sr. foi, no mínimo,
tendencioso ao omitir referências ao “risco-Lula” do período pré-posse, quando
então o país ficou à mercê dos ataques especulativos de todo o planeta, tanto
que a taxa de risco-Brasil (uma idiotice medida pela especulação internacional)
partiu de 400 pontos em Maio até alcançar os 2.400 pontos em setembro. Em
Dezembro, já beirava os 1.200 pontos para, em Maio de 2003, passado o susto por
completo, voltar aos 400.
Para os desmemoriados eu só queria lembrar que além de pôr
fim à hiperinflação e manter a disciplina fiscal e monetária em meio a algumas
crises internacionais muito sérias, FHC conseguiu que o Congresso aprovasse uma
Lei de Responsabilidade Fiscal que controla severamente os gastos dos governos
locais, estaduais e federal, um instrumento utilíssimo se fosse bem aplicado.
FHC modernizou e reduziu a Administração Civil e privatizou
estatais ineficientes, entre as quais os bancos estaduais que alimentavam a
inflação com empréstimos irresponsáveis aos governos dos Estados. A Vale foi
uma delas e, depois da choradeira, quando os renitentes resolverem enxugar as
lágrimas e esquecer um pouco as ideologias, vão ver que está bem melhor assim
para todo mundo, incluindo seus 20 mil funcionários (na época da privatização
eram 15 mil). De mais a mais, essa história de que a Vale tem a titularidade
das nossas reservas minerais é inverossímil, ou então a Constituição mudou,
porque o Artigo 20/IX diz que são bens da união “os recursos minerais,
inclusive os do subsolo”.
Porém, quando FHC assumiu as dívidas dos estados e teve que
proteger a moeda, a dívida interna aumentou e levou as taxas de juros a um
nível que até hoje limita as opções do país. Isso teve um custo inevitável em
termos de desemprego, já que os empregadores cortaram funcionários mas, aos
poucos, a situação está se normalizando.
O PT contestou ferozmente a maioria dessas reformas durante
os oito anos do governo anterior. Atacou FHC com todas as armas e insistia em
um modelo econômico que tomasse por base a ênfase no social. Mas tudo que havia
sido feito eram providências necessárias para dar competitividade à economia
brasileira, e Lula hoje entende o fato, embora tenha se oposto a todas as
medidas quando foram anunciadas.
Nos últimos quatro anos do governo de FHC, a disciplina
fiscal foi devidamente incorporada à política econômica e o Brasil passou a
registrar superávits cada vez maiores em relação ao PIB. A adoção do superávit
fiscal e a ênfase na política de exportação começaram no governo anterior e os
grandes superávits comerciais surgiram em razão das medidas tomadas por FHC,
inclusive na agricultura. O governo Lula continuou com a política de superávit
fiscal e tem todos os méritos por ter tido a coragem de peitar meia dúzia de
palpiteiros.
A situação do Brasil hoje é bem parecida com a do Chile nos
anos 80, quando uma crise fez com que muitos achassem que o modelo que se
costuma chamar erradamente de “neoliberal” tinha feito água. Mas o Chile
decidiu preservar seu modelo e fazê-lo funcionar. Acho que Lula entendeu o
exemplo, está fazendo um governo de continuidade nesse sentido, com mudanças
modestas e ponderadas e, por enquanto, ainda administra com alguma facilidade a
decepção dos esquerdistas de seu partido, apesar de alguns já terem abandonado
o governo e aderido a grupos mais radicais como o caso das feras do PSOL.
Oxalá Lula saiba continuar aproveitando os anos positivos da
economia mundial. A explosão chinesa, o descaso fiscal dos EUA, a demanda
gerada pela guerra do Iraque, e a produtividade dos americanos, fizeram as
taxas de juros tão baixas e os preços de matérias-primas tão altos que só não
aproveita quem não quer. Porém, há que se preocupar mais com a gastança do dinheiro
público. A incapacidade administrativa agravada pela tendência a substituir
profissionais por gente do partido ou da própria distribuição de “comandos” a
partidos aliados políticos é preocupante. A boa gestão dos gastos públicos é
essencial para que se possa equilibrar o orçamento e proporcionar melhoras
sociais.
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