Hieronymus Bosch - A nau dos insensatos |
“O filme de Federico Fellini é um cortejo fúnebre. O navio
Glória N. parte com a nata da cena operística mundial em direção à Ilha de
Erimo, para espalharem sobre o mar que a rodeia as cinzas da maior diva de
todos os tempos: Edmea Tetua. Matronas fellinianas, clowns, tenores, sopranos,
pervertidos sexuais, uma equipe de jornalismo que registra a viagem e um
rinoceronte são passageiros desse navio que mais parece a alegoria medieval
retomada por Foucault em seu estudo da história da loucura em “A nau dos insensatos”
(1494), de Sebastian Brant (1457-1521), que foi escrito como longo poema
satírico, de perspectiva moralizante, em que o autor aponta com dedo crítico e
irônico para a sociedade de seu tempo, denunciando as falhas e vícios tanto da
nobreza quanto do vulgo, não poupando Igreja, Justiça, universidades e outras instituições.
Em 112 capítulos, cada qual dedicado a um tipo de insensato ou louco, Brant
censura os excessos e o desleixo, a avidez por dinheiro e a falta de
escrúpulos, a perda da fé e o desinteresse pelo cultivo do intelecto, em contraste
com os sábios e prudentes. Com isso, o texto revela um panorama dos costumes do
final do séc. XV - os seresteiros noturnos sendo afugentados da janela com o
conteúdo dos penicos; a falsificação de dinheiro e a adulteração do vinho; o
mensageiro ébrio que não consegue recordar a notícia que deveria transmitir; os
exageros e o desconforto da moda mais recente; a mania de falar impropérios e
lançar maldições, entre outros.”
Pois é. Lembrei do filme de Fellini “E la nave va” e também do
filme de Stanley Kramer, “Ship of fools”, uma adaptação de “A nau dos insensatos”,
já que a Venezuela resolveu aceitar o voo da FAB, repleto de senadores cujo
desleixo, a avidez por dinheiro, a falta de escrúpulos e o desinteresse pelo
cultivo do intelecto são patentes, não fossem eles os mais lídimos
representantes da classe política brasileira. Troque-se a “loucura” por demagogia barata.
Minha sugestão para título: E o mico virou chimpanzé. A catástrofe épica será uma trilogia:
ResponderExcluira) Pagando mico.
b) O mico virou chimpanzé.
c) O chimpanzé virou gorila.
O terceiro capítulo da trilogia será apresentado com a volta (dos que não deveriam ter ido) triunfante de viajantes que não saberão dizer o foram fazer naquela viagem.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir(argento) ... e la nave, dos insetos va, sur le mer de Veneris Zuela ...
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