terça-feira, 20 de setembro de 2016

Dawlat al-Islamiyah tupiniquim planejava disfarces para ataques

Veja

Um conjunto de áudios encontrados em um dos celulares apreendidos com os acusados de formar uma célula terrorista no Brasil revela que os extremistas receberam ordens para dissimular suas posições radicais. A perícia realizada pela Polícia Federal descobriu que Leonid El Kadre de Melo, que usava o codinome de Abu Khaled, foi quem emitiu as ordens.

No dia 17 de julho passado – apenas quatro dias antes da deflagração da Operação Hashtag – El Kadre enviou uma ordem, por meio do aplicativo de mensagens Telegram, para os demais membros da célula. A mensagem foi transmitida em três partes.

Na primeira delas, o extremista orientou todos os seus comparsas a abandonar as redes sociais. Além disso, determinou que “quem tiver barba que tire a barba”. Proibiu-os de frequentar mesquitas a partir daquela data e mandou todos “esquecerem” a internet.



A determinação de El Kadre tinha um objetivo apenas. Dissimular as intenções do grupo e evitar que chamassem atenção da autoridades nas vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Na sequência, El Kadre enviou uma segunda mensagem na qual ele ressalta a necessidade de discrição. “Todo mundo vai parar de discutir com seus familiares e vizinhos, seja publicamente, pessoalmente, ou seja nas redes sociais. Ninguém vai dar mais pinta de que é defensor do Dawlat al-Islamiyah (Estado Islâmico em árabe), e vai se passar por um cidadão comum. Se possível, se mostrar arrependido, mostrar que mudou de ideia”, disse.


Em outro áudio, ele justifica as orientações dizendo que atos como raspar a barba e deixar de ir à mesquita são justificáveis. E como jihadistas eles podem abrir mão de preceitos da religião por uma razão maior, “sem perder da fé”. El Kadre afirma: “a minha Bayat (juramento) é para o califa Abu Bakr al Baghdadi (líder do EI) e meu apoio é para o Dawlat al-Islamiyah, porém temos que aprender o melhor de tudo, até mesmo com os nossos inimigos”. El Kadri afirma que o desafio deles é “conseguir agir e se passar por uma pessoa normal dentro dos próprios inimigos”.


No ano passado, os terroristas do Estado Islâmico lançaram um manual para ensinar seus seguidores a se disfarçarem no Ocidente. VEJA recebeu uma cópia do documento por parte de um funcionário do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O manual, segundo o especialista em contrainteligência e terrorismo foi redigido seguindo regras rígidas e foi considerado pelo governo dos Estados Unidos como uma peça autêntica e com grande potencial de orientação de novos terroristas. As orientações de El Kadri coincidem com as prescritas pelos terroristas do EI em seu manual.

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