É o que eu sempre me bati: de nada adiantam reformas na aplicação
das regras da Previdência sem uma reforma no próprio órgão, notório antro de
picaretagem. Sem uma noção exata da fortuna que se rouba não há como fazer as
contas.
Se em uma revisão de 2% dos auxílios-doença garantiu-se uma economia
de R$ 139,3 milhões por ano, pode-se prever uma economia total de R$ 6,8
bilhões por ano, depois de todos os 530 mil benefícios analisados.
Isso por baixo, porque quando revisarem o 1,1 milhão de
aposentadorias por invalidez a grana deve ser de cair o queixo.
O Globo
INSS: pente-fino dá alívio de R$ 139 milhões ao governo
BRASÍLIA - Com apenas 2% dos auxílios-doença analisados, o
pente-fino do governo já garantiu uma economia de R$ 139,3 milhões por ano. O
alívio é resultado da revisão de 10.894 benefícios, dos quais 77,55% já foram
cassados e 6,9% estão com o cancelamento agendado. Ao todo, 530 mil
auxílios-doença e 1,1 milhão de aposentadorias por invalidez passarão por
revisão.
Entre os beneficiários que mantiveram algum tipo de repasse,
9,7% tiveram o auxílio-doença transformado em aposentadoria por invalidez, 4,6%
receberam encaminhamento para reabilitação profissional e 1,3% passaram a
receber auxílio-acidente.
As fraudes saltaram aos olhos dos peritos em diversos casos.
Como o de um rapaz de 32 anos que entrou com pedido na Justiça, em 2011,
alegando não conseguir trabalhar porque era epilético desde os cinco anos de
idade. No entanto, ele é servidor público estatutário no interior do Ceará.
Recebeu o auxílio-doença ilegalmente por cinco anos. Outro obteve o benefício
na Justiça, por retardo mental, desde 2006, mas mantinha dois empregos
registrados na carteira de trabalho, e, na perícia, não foi verificado qualquer
problema de saúde.
Os números foram apresentados ontem por Alberto Beltrame,
secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário. O
balanço total aponta que, das 150.314 cartas de convocação previstas no
primeiro e segundo lotes (que englobam beneficiários com até 45 anos), 52,9%
(ou 79.494) foram enviadas. Das quase 80 mil correspondências remetidas, em 39%
dos casos o beneficiário agendou a perícia (sendo que 13% já passaram pela
revisão), 52,5% ainda não agendaram mas estão no prazo de cinco dias úteis para
fazê-lo, 4,5% serão chamados por edital porque não foram encontrados. Enquanto
4,1% receberam a correspondência, mas não marcaram a perícia ou não
compareceram.
São 3.237 pessoas que perderam o prazo para agendar a
perícia ou simplesmente deixaram de ir. Elas tiveram o benefício suspenso, no
valor total de R$ 3,9 milhões por mês ou R$ 50,2 milhões anuais. Somando as que
não foram encontradas e, por isso, serão convocadas por edital público, o
número chega a 6.785 beneficiários — ou 8,5% de todas as cartas enviadas.
Para Beltrame, muitos dos beneficiários simplesmente não
agendam a perícia porque sabem que não têm mais a condição incapacitante que
ensejou a concessão do benefício. De acordo com ele, a taxa de 84,4% de
auxílios cancelados deve diminuir nos próximos lotes de cartas convocatórias,
porque a idade do público-alvo vai aumentando. No primeiro lote, foram chamados
os beneficiários com menos de 39 anos; no segundo, os de até 45 anos.
— Talvez o percentual de altas diminua porque serão pessoas
mais velhas que passarão pela revisão. Mas isso não importa. O fundamental é
que a alta dos pacientes que não precisam mais do benefício ajuda a otimizar os
recursos da Previdência e a orientá-los para quem efetivamente necessita. Não é
uma questão de economia pura e simples, mas de cuidar do fundo que é de todos
os trabalhadores — afirma Beltrame. — Do ponto de vista formal, seria uma
obrigação do INSS rever os benefícios, mas é esperado que as pessoas informem
também quando não precisarem mais, o que não ocorreu em muitos casos.
Dos 84,4% que tiveram o benefício cancelado, em relação ao
total dos que passaram por perícia, a cessação ocorreu na hora para 77,5%. Para
6,9%, a data do cancelamento foi agendado para um período breve até que a
pessoa se recupere por completo, nas previsões normais de acordo com o quadro
clínico.
A falta de revisão dos pagamentos — que deve ser feita de
seis em seis meses — tem sido comum nos benefícios concedidos pela Justiça, que
representam mais de 99% dos 530.157 auxílios-doença que passarão pelo
pente-fino do governo por estarem há mais de dois anos sem perícia.
Especialmente nos casos em que o juiz não determinava o período de concessão, o
benefício se estendeu por anos sem qualquer tipo de verificação. O governo
Temer baixou uma regra estabelecendo que, se a ordem judicial não tiver prazo,
a revisão deve ocorrer em 120 dias.
Na avaliação de Beltrame, o ritmo de envio de cartas, que
estima em 3.000 por dia, está adequado. Nos cálculos do secretário, até o fim
desta semana, cerca de 100 mil correspondências terão sido despachadas, o que
representa 20% do total de auxílios que serão revisados. A expectativa é que o
processo termine em um ano e meio. Assim que as agências forem terminando o
trabalho, passarão a analisar o 1,1 milhão de aposentadorias por invalidez que
também entraram na mira do governo por estarem sem perícia nos últimos dois
anos.
Apesar da avaliação positiva, o governo já planeja um
mutirão para locais mais lentos no pente-fino. Alagoas é o único estado, até
agora, onde não houve uma perícia sequer. Isso porque há determinação judicial
de prazo razoável na realização dos atendimentos de rotina, o que atrasou o
início dos trabalhos, segundo Beltrame. O Rio Grande do Sul é outro candidato a
ter uma força-tarefa porque faltam peritos em muitas cidades, além de o estado
concentrar o maior número de benefícios a serem revisados. O governo quer
deslocar peritos de alguns municípios para os que não têm o serviço.
(argento) ... a famíglia Argento agradeceria se tal reforma ou revisão melhorasse a minha "aposentadoria" ...
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