Impedidos pelo Ministério Público do Trabalho de atuarem
como boleiros, adolescentes torcem por fim de impasse em audiência marcada para
o dia 31 de março!
Ora, senhora procuradora Dulce Martini Torzecki, Vossa
Excelência não ocupa esse posto apenas para aplicar as leis ao pé da letra -
para isso um computador o faria melhor -, mas sim para interpretá-las, usando o
bom senso, se é que tem algum.
O estrago que V. Exa. já fez ao impedir esses meninos de
trabalhar e, pior, de sonharem com um futuro, talvez seja irreversível - posto
que vários já se bandearam para o “outro lado” - e só tende a aumentar, já que
os 26 meninos da última turma de boleiros do Caiçaras vão ter que esperar até o
dia 31 de março para que uma audiência com o MPT regularize a situação. Ou não.
Pobre Brasil...
Jovens carentes sonham em voltar às quadras de tênis
O Globo
Dentro das quadras, enquanto correm de um lado para o outro
atrás de bolinhas amarelas, muitos jovens começam a se interessar pelo tênis.
De tanto observarem jogadores mais experientes, acabam aprendendo os movimentos
e, em pouco tempo, já se arriscam a manejar a raquete. Não é raro encontrar
tenistas de origem humilde que começaram a carreira como boleiros e se tornaram
estrelas do esporte. Foi assim com Yannick Noah, último francês a vencer Roland
Garros, na década de 1980, e com Teliana Pereira, brasileira mais bem colocada
no ranking mundial atualmente (ela está na 44ª posição). No Rio, as chances que
um grupo de meninos de comunidades carentes que atuavam como boleiros no Clube
dos Caiçaras, na Lagoa, tinham de melhorar de vida foram por água abaixo. Tudo
porque o Ministério Público do Trabalho (MPT) enxergou na atividade uma prática
de trabalho infantil. A suspensão, que ocorreu em agosto passado, veio à tona
na quinta-feira, na coluna de Ancelmo Gois no GLOBO, e provocou polêmica.
Os adolescentes, com idades entre 13 e 16 anos, costumavam
levar para casa, para ajudar a família, em média, R$ 900 mensais. Moradores, em
sua maioria, do Vidigal, da Rocinha e da Cruzada São Sebastião, os 26 meninos
da última turma de boleiros esperam agora que uma audiência com o MPT, no dia
31 de março, regularize a situação.
— O fim do programa foi muito ruim para a gente. Não posso
ficar dependendo da minha mãe. Quero ganhar meu dinheiro. Pretendo terminar o
ensino médio e fazer faculdade de educação física para continuar no tênis como
professor — disse João Paulo Medeiros, de 16 anos.
O jovem, que vive no Vidigal, deu sorte. Logo após sair do
Caiçaras, foi convidado para ser boleiro de uma quadra na Lagoa. Mas nem todos
os outros meninos tiveram a mesma oportunidade. Pelo menos dois adolescente que
saíram do clube no ano passado se envolveram com o tráfico de drogas, de acordo
com funcionários e ex-colegas.
— Agora, muitos deles ficam de bobeira na comunidade. O
clube é um bom ambiente. Infelizmente, conheço alguns que foram para a boca de
fumo. Já vi vários apanhando da polícia por usar drogas. Um foi levado para o
Degase (Departamento Geral de Ações Socioeducativas) por estar armado —
lamentou o professor de tênis Josué Martins, que trabalha há 20 anos no
Caiçaras.
Morador do Vidigal, Josué foi boleiro do clube em 1996 e
hoje trabalha como batedor, lançando as bolas para os tenistas. Com a ajuda dos
sócios, conseguiu pagar a faculdade de educação física, concluída no ano
passado.
— O clube mudou minha vida. Conhecendo os sócios, consegui
cursar uma faculdade. Fizeram uma vaquinha e, todo mês, me ajudavam a pagar —
contou.
Vice-comodora de tênis do Caiçaras, Irene Werneck destaca
que, dos nove professores do esporte que trabalham no clube, oito foram
boleiros. Ela diz que outros seis ex-boleiros exercem atividades
administrativas:
— Nosso trabalho era de formação. No clube, eles tinham todo
o suporte. Recebiam material escolar. Se precisassem, também conseguíamos
tratamento oftalmológico, por exemplo. Oferecíamos ainda palestras, cinema e
teatro. Os sócios davam apoio.
Responsável pelo processo contra o Caiçaras, a procuradora
Dulce Martini Torzecki afirma que a Constituição proíbe o trabalho de
adolescentes com menos de 16 anos, a não ser que eles estejam na condição de
aprendizes. Nesse caso, é possível que jovens a partir dos 14 anos tenham uma
atividade remunerada, desde que façam também um curso prático e teórico.
Segundo ela, é possível que os boleiros se tornem jovens aprendizes.
— Este ano, com as Olimpíadas, estamos fazendo uma ampliação
de cursos de aprendizagem na área de esporte. O aprendiz tem direitos mais
garantidos. Uma situação sem vínculo, recebendo um salário flexível, como
acontecia no clube, é algo mais delicado. Em março, vamos botar todos os pingos
nos “is”, buscar soluções. Não queremos acabar com o projeto, é só uma questão
de adequação — afirma a procuradora.
Irene Werneck garante que está aberta para debater o tema e
tentar retomar o mais rapidamente possível o programa de boleiros.
— É muito triste ver um trabalho de mais de 50 anos acabar
dessa forma. Tentamos, junto ao advogado do clube, resolver a questão, mas não
encontramos respaldo na legislação — conta a vice-comodora.
A Dulce deveria chamar-se Amara.
ResponderExcluirDeve ser adepta do Getúlio Vargas.
Lembram-se da frase?
(argento) ... mais bandidos significa mais promessas, mais polícia e Mais DISTRAÇÃO ...
ResponderExcluir