Nota do Coletivo de Entidades Negras:
O Coletivo de Entidades Negras, CEN, organização nacional do
Movimento Negro que tem, entre outros temas, a defesa das religiões de matrizes
africanas, vem a público apresentar seus mais veementes protestos e repúdio à
operação da Polícia Federal batizada de Operação Acarajé. Nada justifica a
escolha deste nome e exigimos sua
imediata alteração.
O acarajé é alimento
sagrado para as pessoas que, em todo o país cultuam os Orixás. Há pouco
tempo, na Bahia, o acarajé foi objeto de disputa jurídica entre o povo de santo
e os evangélico-pentecostais que queriam rebatiza-lo de bolinho de Jesus para,
assim, poder comercializa-lo. O povo de santo venceu a pendenga apresentando a
sacralidade do alimento que é intimamente relacionado à Orixá Oya.
Nosso repúdio vem no sentido do total desrespeito religioso
a um elemento sagrado do Candomblé, desrespeitando assim, de forma acintosa,
toda a tradição e história dessa religião no Brasil.
Afirmamos que Orixá e o povo de santo nada tem com a
roubalheira que assola o país. O que repudiamos é ver nossa religiosidade
vinculada a uma operação para prender bandidos. Isso, para nós e toda nossa
comunidade religiosa, é inaceitável.
Coordenação Nacional do CEN.
Detalhe: essa palhaçada foi elaborada mesmo depois da PF se
dar ao trabalho de emitir uma nota à imprensa explicando que “a 23ª fase da
Operação Lava Jato foi denominada ‘Acarajé’ em alusão ao termo utilizado por
alguns investigados para nominar dinheiro em espécie”.
E o “coordenador de Políticas Institucionais do CEN” (sim, o
CEN tem esse cargo importantíssimo), Márcio Alexandre Martins Gualberto, ainda
completou dizendo: “É óbvio que não somos contra a operação em si. Porém faltou
um pouco de zelo e inteligência à PF ao nomeá-la. Vivemos em um contexto de intolerância religiosa, em que as
religiões de matrizes africanas são constantemente alvos de ações preconceituosas. Um órgão público
não pode reforçar o preconceito.”
Eu queria saber aonde foi que essa azêmola descobriu preconceito e intolerância religiosa nessa
história.
A verdade é que falta do que fazer campeia e, talvez, para
justificar a grana que essas ONGs (sim, o CEN é uma ONG) sem sentido percebem,
de vez em quando resolvem encrencar com alguma coisa, e a bola da vez foi o tal
bolo feito com feijão fradinho, pimenta, camarão seco e frito no epô, que agora
virou “alimento sagrado”, apesar de continuar a ser vendido em cada uma das
esquinas de Salvador.
Além disso, e importantíssimo(!), não ficou muito claro se o
“acarajé” da operação da PF, além de se referir ao “pixuleco” destinado a pagamentos
indevidos, é o tal bolinho que é comida de santo na umbanda ou o pedaço de
algodão em chamas que, nos candomblés bantos, é engolido por pessoas em transe
para confirmação da presença de um orixá no terreiro.
O “coordenador de Políticas Institucionais do CEN”, Márcio
Alexandre Martins Gualberto, deveria ter perguntado antes, para saber em que língua reclamar: se em banto ou em yorubá. A PF fica devendo essa.
Não seria o caso de reclamar com quem apelidou as propinas de acarajé?
ResponderExcluir(argento) ... esta seria a atitude certa - bão, mas quem disse que o CEM segue a lógica?; pelo que parece, é mais uma, entre muitas que, paga com dinheiro público, serve de instrumento para criar Distração, enquanto retarda o transito das investigações da PF ...
ExcluirSou do candomblé e a atitude do CEN é que desrespeita os orixás, não o uso da palavra acarajé na operação da polícia federal.
ResponderExcluirO CEN deve ser petista...
ResponderExcluirEntão temos que dinheiro podre pode ser chamado de acarajé; tá certo.
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