terça-feira, 28 de maio de 2019

Parlamentarismo informal


Andam falando por aí que o Congresso está praticando um “parlamentarismo informal”. Se não é, parece. Só que é mais que isso. Do jeito que a coisa anda não custa nada algum dos 594 parlamentares apresentar uma proposta para formalizar esse parlamentarismo e ela ser aprovada.

Só para lembrar, quando Jânio renunciou houve um certo temor no Congresso porque as Forças Armadas estavam prontinhas para um golpe porque Jango seria um comunista. Com essa instabilidade pairando no ar, os líderes parlamentares agiram rapidamente e, em vez de apoiarem Jango, acharam um paliativo que supostamente agradava aos militares mantendo a democracia. Foi assim que em setembro de 1961 o Congresso aprovou a adoção do parlamentarismo no país e Jango continuou como presidente, com seus poderes reduzidos significativamente.

Como sempre, o indefectível Tancredo Neves, que estava em todas mesmo que não houvesse nenhuma, foi o principal urdidor da mutreta e elegeu-se o todo-poderoso primeiro-ministro. A ele sucederam Brochado da Rocha e Hermes Lima durante os 17 meses de parlamentarismo, extinto por um plebiscito em 1963. Aliás, a ideia inicial era manter o sistema vigorando até 1965, final do mandato de João Goulart, entretanto, o plebiscito acabou sendo antecipado.

Como se pode notar, as forças parlamentares estão fazendo de tudo para que a nossa realidade atual se assemelhe à de 1961 tentando desestabilizar Bolsonaro e, exatamente por isso, mutretas semelhantes não devem ser descartadas.


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