“Baderneiro foi um grande amigo e vizinho (e nós com ele)
que, na nossa adolescência, sequestrou o bonde que estava parado na praça General
Osório, fomos passeando nos trilhos com ele tocando o sino do bonde até o Bar Vinte
(com motorneiro e trocador no nosso encalço), lá apeamos e voltamos correndo
pra casa....”
Pois é. Os comunistas sempre fizeram da mentira o sustento
das suas ideias de jerico. Mentem até na mais infantil das coisas. A autora da
mentira em questão foi minha vizinha em Ipanema por uns 20 anos, é minha contemporânea e tem os mesmíssimos 63 anos que eu
tenho, portanto, no dia 1º de março de 1963, dia da última viagem do bonde “13”,
ela e eu tínhamos exatos 11 aninhos, o que por si só já inviabiliza a história
do tal sequestro.
Houve sim, dois episódios pitorescos com o bonde “13”. O primeiro
foi em 1951, quando nem éramos nascidos. Lucio Rangel e a boêmia ipanemense
efetivamente “sequestraram” o bonde, deram várias voltas pelo Bar Vinte - no
final de Ipanema, onde o bonde fazia o retorno - e rumaram para a boate Vogue,
em Copacabana, onde a turma, mais pra lá do que pra cá, desembarcou. Soube
disso bem antes do livro de Ruy Castro - “Ela é carioca” - narrar o fato porque
Lucio era primo de minha mãe.
O outro ocorreu precisamente no dia da despedida do bonde “13”,
quando Millôr Fernandes, seu filho Ivan, Paulo Mendes Campos, Aracy de Almeida,
Otelo (o caricaturista) Luiz Reis, Haroldo Barbosa e, de novo, Lucio Rangel,
reunidos no Zeppelin - que revezava com o Jangadeiros a predileção do
intelectoetilismo ipanemense -, formaram a Sociedade dos Amigos do Bonde de
Ipanema e, quando o último “13” passou, por volta das dez da noite, saíram
todos e pararam o bonde em frente ao bar, acabando por convencerem até o
motorneiro e o cobrador a incorporarem-se ao pileque geral. Até um fiscal que
apareceu por lá foi devidamente subornado e aderiu.
Horas depois - e como deveriam estar essas almas - o bonde
finalmente seguiu viagem até o ponto final, a três quarteirões dali, com -
pasmem - Aracy de Almeida de motorneira.
Portanto, minha ex-amiga vermelhinha, vá enganar o cacete!
Vá inventar mentira pros seus negos, e na surdina, para não pagar mico!
Aliás eu só escrevi isso porque a mentira dela me lembrou
dessas duas histórias, que marcam bem como era o “clima” de Ipanema nos bons
tempos. Ambas estão no livro de Ruy Castro.
Que ranzinza... agora só falta dizer que não foi o Lula que partiu pão na santa ceia.
ResponderExcluir(argento - pra não dizer que falei de flores) ... se eu tivesse sido exposto, de forma recorrente, à primeira versão da rocambolesca história e, nela, posto minha Fé, teria sérias restrições à versão do Blog mesmo que me fossem apresentados os fatos reais ...
ResponderExcluir