Psicologia e religião ajudam ou atrapalham a seleção?

Já que não há como fugir do assunto Copa, há certas coisinhas que eu não me acostumo na organização da nossa seleção, que não são exatamente ligadas ao futebol, mas, de certa forma influem no desempenho dos jogadores.

A primeira é a necessidade de uma psicóloga “motivacional”. Pelamordedeus!, quem precisa de motivação para defender uma seleção brasileira, pombas? Além do orgulho que isso representa para qualquer um - até para o mau caráter -, pensando friamente, a Copa é a melhor maneira de um jogador valorizar seu passe e seu salário, e hoje ninguém mais é trouxa. Não existem mais Garrinchas - que jogavam até de graça - esses sim, talvez precisassem, não de motivação, mas de algo que lhes fizesse superar ou pelo menos esquecer temporariamente seus problemas extra-campo, como alcoolismo, família e grana.

Eis que aí entra em campo o chororô antes dos pênaltis com o Chile, que confesso, a princípio, não ter gostado, mas depois, pensando bem, achei até aceitável, já que a emoção e o nervosismo eram contagiantes, justificáveis e coisas de momento. Emoções são expressas de várias maneiras, uns choram, outros riem, outros detonam uma raiva inexplicável. Enfim, eles choraram, e por aí pude constatar a total inutilidade da tal psicóloga como medida preventiva de chiliques, principalmente depois de ver e rever a atitude do Paulinho, ainda que na reserva, sacudindo a moçada como o líder de um time de futebol, não como alguém que nem sabe porque o cara de preto com apito não chuta a bola. Deu no que deu e Julio Cesar, o chorão-mor, limpou as lágrimas e fechou o gol.

A segunda é só uma pergunta: o que faz Murtosa na comissão técnica?

A terceira foi despertada pela a declaração de um repórter desculpando-se após o jogo com a Colômbia por não ter entrevistado um determinado jogador que não me lembro o nome, porque o fulano teve que sair correndo para participar da oração coletiva. Quiuspariu!, se oração ganhasse jogo o time da igreja universal seria campeão mundial, com bispo Macedo de técnico! Vamos supor que Neymar fosse como eu e tivesse horror a esse tipo de coisa: ele estaria liberado da orações, ficaria no banco, de castigo ou nem seria convocado? E se houvessem muçulmanos e judeus na seleção, será que eles orariam juntos?

É oração antes de entrar, é oração no meio de campo antes de começar o jogo, é oração depois de fazer gol, é oração antes de bater pênalti, é neguinho dedicando a vitória a deuses em entrevistas... Pombas!, isso enche as medidas! Será que nunca mais vamos ouvir alguém como Gérson ou Rivelino, que explicavam futebol com futebol e não davam a mínima para superstições tolas?

Em tempo: Com certeza, a maioria dos casos de chororô está ligada à religião. É só observar a cara de choro fingido que os crentes fazem quando estão orando.

Jogador de futebol é uma profissão como outra qualquer. Não conheço nenhum gari que faça rodinha de oração antes e depois do trabalho; não conheço nenhum executivo que agradeça a deus por um bom negócio fechado; não conheço nenhum médico que, após uma cirurgia delicada e exitosa, diga que foi deus quem operou. Por que só jogador de futebol?