A Inquisição encravada no Rio

O Cristo Redentor é dos cariocas e não de meia dúzia de bispetes

A Arquidiocese do Rio vetou o uso da imagem do Cristo Redentor no episódio “Inútil paisagem”, do cineasta José Padilha, parte do filme “Rio, eu te amo”, onde o ator Wagner Moura dialoga com a estátua. Os padres consideraram que “o filme atenta contra a fé católica”.

Eu não quero nem saber do que trata o filme, mas apesar de todo o respeito que me merece a religião católica, essa Arquidiocese do Rio mais parece um enclave da Inquisição no Rio de Janeiro em pleno século XXI. Sei não, mas algo me diz que o Arcebispo Cardeal Dom Orani João Tempesta, que, para uso externo é uma pessoa afável que procura passar uma imagem de “moderninho” é, na verdade, um tanto quanto retrógrado quanto aos valores religiosos, ao reivindicar bens públicos, materiais e imateriais, para a sua igreja. A não ser que os bispos da arquidiocese o façam de títere - Dom Antonio Augusto Dias Duarte, Dom Edson de Castro Homem, Dom Paulo Cezar Costa, Dom Pedro Cunha Cruz, Dom Roque Costa Souza, Dom Luiz Henrique da Silva, Dom Assis Lopes e Dom Karl Josef Romer.

Aliás, essa arquidiocese tem história nesse sentido. Mete o nariz em tudo que acha dizer respeito ao catolicismo e erra, na maioria das vezes, extrapolando os poderes que acha que tem.

O Cristo Redentor do Corcovado é muito mais que uma imagem católica e muito menos da arquidiocese do que os bispos consideram. Como sua construção foi custeada pelos donativos da população - não por dízimos -, ele é, obviamente, do povo carioca e já foi eternizado por nós. De maneira nenhuma o Jotacê do Corcovado pode pertencer a essa meia dúzia de eventuais bispetes que ocupam cargos supostamente relevantes, fazendo vezes de primados da Inquisição.