terça-feira, 31 de maio de 2016

Meu genro é um ironman!

Minha prova Ironman Floripa 2016 - Diego Almeida

Quem me conhece sabe que não sou de postar muitos textos, mas como muitos dos meus treinos compartilhei aqui, nada mais justo do que relatar como foi a prova (o texto está longo, mas acho q vale a pena ler até o fim).

NATAÇÃO: tenso como previsto antes da largada, até porque sabia que era modalidade que menos havia treinado (2 acidentes ferraram meus ombros por algumas semanas), tentei controlar a ansiedade e chegar inteiro pra bike e corrida. Já vi gente abandonar prova por tomar pernada na cara e não queria q isso acontecesse comigo. Apesar do nevoeiro e a correnteza, fiz uma natação conservadora (até demais) ficando 8 min acima do planejado ( falha na navegação me fez nadar 200 m a mais), mas sabia que na bike e corrida dava pra recuperar. Parti pra T1 e era hora de socar a bota.

BIKE: chovia bem no início do pedal e lembrando dos conselhos do coach, não me empolguei nas descidas e vinha fazendo um pedal melhor que o planejado, o que perdi na natação iria recuperar na bike. Fechando a primeira volta estava bem, inteiro e consciente de manter o ritmo, sem forçar demais pra não quebrar na maratona. Fechando os 90k, saindo da rodovia e entrando na cidade, ouvia a galera gritando, dando força, e justamente isso, me fez desligar da prova por alguns instantes, instantes esses que justamente no retorno pra 2a volta me levaram a uma queda feia no chão escorregadio fazendo com que batesse forte a lateral do corpo e a cabeça. Fiquei tonto por alguns minutos, sem saber direito onde estava, mas 2 anjos médicos que estavam assistindo fizeram uma avaliação rápida e como aparentemente nada de mais grave parceria ter acontecido subi na bike aos gritos da galera e fui abrir a 2a volta. Aos poucos a dor ficava insuportável e cheguei a pensar que realmente tudo estava acabado, quando então avistei uma ambulância em um posto médico e resolvi parar. Fui analisado e aparentemente disseram que não quebrei nada, me deram analgésico na veia e ouvi a seguinte frase “agora é com vc, mas use o bom senso”. Foram longos minutos sozinho dentro da ambulância pensando. Meu bem senso não permitia parar agora, justo agora. Tanto tempo longe dos amigos e da família nos treinos pra terminar assim ? Subi na bike e fui fechar os 80k restantes tentando me convencer que a dor ia passar, e a partir daquele momento iria fazer um pedal pra chegar, sem mais me preocupar com médias e tal. Levei a bike até o final dos 180k com mais de 6:30 horas de pedal e quase oito de prova.

RUN: chegando a T2 saltei da bike e entreguei pro staff, a dúvida era se aguentaria a dor no quadril que sentia (não olhei/toquei durante pedal na ferida pra não me abalar) mas indo em direção a sacola com os materiais da corrida não teve jeito, meu quadril esquerdo estava inchado e sangrando, do tamanho de uma laranja, foi aí que o desespero bateu, estava bem fisicamente apenas isso me minava (ombro doía pouco, mas não era visual). Sentado na cadeira da T2 bateu o pânico, mas novamente tudo que passei até chegar nesse dia veio a minha mente, e então resolvi procurar o médico pra uma nova avaliação. Ele disse que era físico, um grande hematoma nada que umas semanas de repouso não recuperassem depois. Pedi pra então aplicar algum analgésico e com isso ele me liberou. O primeiro km da corrida foi insuportável, doía demais, ao ver minha esposa Mariana Froes e meu filho ao final do km 1 desabei, pensei novamente em parar, queria só um abraço deles, um banho e uma cama quente. Mas quantas manhãs juntos com eles, abraços e aconchegos perdi nesses 6 meses de preparação? Não, não podia parar, ao menos tentar fechar os “apenas 42k” que faltavam, eu devia isso a eles. Dei um beijo neles e parti, no caminho a galera gritava, pessoal do “Cordella Team Baixada” me empurrou como nunca até que próximo ao km 2 vi Júnior Cordella com a bike a minha espera. Ele veio do meu lado quase todos os 21 primeiros km, e quando o pace encaixou tinha certeza que iria até o fim. Km por km fui trabalhando a minha mente e a cada km o sonho ficava mais próximo. Na reta final lá estavam Victor Greyy e Júnior Cordella a minha espera e os últimos kms não sentia mais nada, apenas a certeza de que tudo valeu MUITO a pena.

Pronto, 12:47 depois ouvi a frase “Diego you are an ironman”!!! FELIZ DEMAIS !!!, O tempo ? Fica pro próximo IM. Próximo, será? Rsrsrs. Ah, hj descobri que além da medalha, ganhei uma clavícula quebrada. Aos amigos, familia e toda equipe Cordella Team dedico essa medalha. Agora deixa aproveitar minhas férias...


O socialismo e a França

Carlos Alexandre Sá, professor da Fundação Getúlio Vargas

‘Em 1981, François Mitterrand assumiu a Presidência da França com um discurso de esquerda que incluía a estatização de empresas consideradas estratégicas, guerra aos ricos, aumento do bem-estar social, aliança com o Partido Comunista e reforma cultural. Foi um desastre. A fuga de capitais foi de tal ordem que, em meados de 1982, seu ministro da Fazenda, Giscard d’Estaing, comunicou ao presidente que a França tinha reservas para apenas mais alguns dias. Confrontado com a realidade, perdendo popularidade e apoio político, Mitterand deu uma guinada de 180 graus e nomeou um primeiro-ministro liberal. Quando Jacques Chirac assumiu o posto de primeiro-ministro, na primeira coabitação esquerda-direita, começou o processo de desestatização. Entre as empresas privatizadas desde então estão a petroleira Total, o Banco Paribas e a Renault. Era o fim do sonho socialista de Mitterrand.

Apesar disso, o socialismo continuou sua tentativa de se sobrepor à realidade. Conseguiu reduzir a jornada de trabalho para 35 horas semanais, reduziu a idade mínima para a aposentadoria, criou uma legislação trabalhista bizantina contida num tijolaço de 360 páginas. Mais uma vez, o resultado foi desastroso. Em 2012, a França era o segundo país que menos crescia na Europa nos últimos 25 anos (atrás apenas da Itália), há décadas nenhuma empresa abria seu capital, possuía o maior déficit em conta-corrente da zona do euro e a taxa de desemprego era de 11%, a maior em 15 anos.

Foi nesse clima que se elegeu o socialista François Hollande, com um discurso de guerra ao “mundo das finanças”, acusando os empresários de arrogantes, com a promessa de elevar alíquota do Imposto de Renda para até 75% e reduzir o desemprego aumentando os gastos do governo, num claro repúdio à política de austeridade preconizada pelo FMI. Não funcionou. Houve fuga de capitais, o PIB estagnou, o déficit aumentou, a dívida atingiu inacreditáveis 95% do PIB, a construção civil quase parou, e o desemprego subiu. Era “Cuba sem o sol”, diziam os políticos da oposição. Em consequência, sua popularidade desabou para 13%, a menor de um presidente, desde que De Gaulle fundou a Quinta República, em 1958, ao mesmo tempo em que a Frente Nacional, comandada pela ultraconservadora Marine Le Pen, crescia com um discurso xenófobo que previa a proibição à livre circulação de mercadorias e de pessoas, a saída da França da Comunidade Europeia, a volta do franco como moeda nacional, o combate à globalização com a criação de barreiras à importação, uma aproximação com a Rússia e a saída da França da Otan.

Sem ter como se sobrepor à realidade, a solução foi trocar o primeiro-ministro. Em março de 2014, assumiu o posto Manuel Valls, um francês nascido na Espanha e descendente de suíço-italianos. Valls chegou dizendo que “ama o mundo dos negócios”. Demitiu os ministros antimercado. Nomeou um ministro da Fazenda que foi executivo do Banco Rothschild. Quando questionado quanto à escolha, declarou: “E dai? O que conta é a competência, e não a ideologia”. Seu assessor econômico é um antigo economista do Bank of America. Arquivou o Imposto de Renda de 75% e cortou os encargos sociais para estimular o emprego. Agora, pretende reformar a legislação trabalhista, elevar a idade mínima para a aposentadoria e aumentar as horas de trabalho semanais. É claro que os sindicatos foram para as ruas protestar. Será que vai conseguir? Não sei. Afinal, quem não gosta de privilégios?


segunda-feira, 30 de maio de 2016

Faltam 4 meses para as eleições municipais e 73% dos cariocas não estão nem aí!

E aí? Tá na hora da gente dar um tempo em Brasília começar a pensar em quem vai votar para prefeito e vereador do Rio de Janeiro, porque, pelo andar da carruagem, periga que freixos, crivellas e romários da vida terminem o serviço de transformar a Cidade em ruínas morais, sociais e físicas, tarefa que Paes tão bem deu sequência ao seguir o padrão dos nossos governantes.

Eu sei, a coisa tá preta! Escolher entre Marcelo Crivella, Romário, Marcelo Freixo, Alessandro Molon, Jandira Feghali, Pedro Paulo, Cyro Garcia, Clarissa Garotinho, Flávio Bolsonaro e Índio da Costa é dose para elefante, mas, se não aparecer mais ninguém, entre esses eu fico com o último, Índio, que foi o Relator da Lei Ficha Limpa e candidato a vice-presidente na chapa de Serra nas últimas eleições.


Crise política no país não empolga o eleitor carioca

O Dia
População admite desinteresse pela eleição municipal. Crivella segue liderando, seguido por Romário e Marcelo Freixo

A crise política que tomou conta do país e ganhou as manchetes de jornais de todo o mundo parece não ter atingido o carioca. A menos de cinco meses das eleições municipais, mesmo com tanto bafafá nas ruas e redes sociais sobre política, os moradores da Cidade Maravilhosa parecem mais preocupados com o frio, o chope sem praia e o início do Campeonato Brasileiro, neste fim de semana, mesmo sem jogos no Maracanã.

Em pesquisa realizada pelo Instituto Paraná com 900 cariocas, entre os dias 09 e 12 de maio, 73,1% se mostraram pouco ou nada interessados na sucessão do prefeito Eduardo Paes. Já 16,1% mostraram interesse e apenas 9,3% disseram estar muito interessados na sucessão municipal.

Uma rápida consulta nas ruas atesta o que diz a pesquisa. A ideia de que a crise poderia aumentar a consciência política da população é falsa. Como quase tudo no Brasil, o eleitor vai deixar para se informar e decidir o voto na última hora.

“Confesso que ainda não parei para pensar na eleição, não. Até tenho acompanhado a crise em Brasília, mas nem sei quem são os candidatos aqui no Rio. Sei que o Paes tem um candidato. Acho que o Romário vem, o Garotinho. O Psol vai lançar o Freixo? Não sei”, admite o porteiro Jeferson de Souza, de 45 anos, morador do Complexo da Penha.

O empresário José Luís Monteiro, de 57, também reconhece não estar “por dentro das novidades”. Nem do Rio nem de Brasília. Monteiro não sabe sequer de que Dilma está sendo acusada no processo de impeachment. Ou quem será o candidato de Eduardo Paes.

“Sei que vai ter um evangélico. Sempre tem. Não sei se vai ser o Crivella ou o Garotinho. Mas eu me informo. E voto naquele que sei que será o melhor para a cidade”, garante o empresário.

E o melhor candidato, segundo a pesquisa, será o que priorizar a Saúde. Para 51% os entrevistados, está ali o principal problema do Rio, seguido da Educação (22,3%) e Segurança Pública (11,1%). A corrupção é a principal preocupação para apenas 5,6%. Pelo menos em relação aos problemas da cidade os cariocas estão antenados. Apenas 0,1% disseram não saber qual a prioridade para o novo prefeito.

“Os problemas a gente conhece. Não conhecemos é quem saiba resolvê-los”, brincou o bem-humorado garçom Álvaro Ribeiro.

Impopularidade não incomoda Pedro Paulo, candidato de Eduardo Paes

O mau desempenho nas pesquisas eleitorais e a falta de interesse dos cariocas pela eleição municipal não incomodam o deputado federal Pedro Paulo Carvalho (PMDB), o escolhido do prefeito Eduardo Paes para sucedê-lo em 2017.

“Estou acostumado a enfrentar estes cenários. Nas eleições para deputado, o número de eleitores desinteressados chega a 80% faltando apenas duas semanas para a eleição. Ainda tem muita coisa para acontecer até outubro. Temos uma Olimpíada pela frente. E vamos mostrar ao eleitor tudo o que fizemos nestes oito anos”, afirmou o preferido do prefeito Paes.

Pedro Paulo diz que vai se ater a pesquisas apenas em outubro: a da urna eletrônica. “Não vou sofrer ou me animar com antecedência. Tenho é que trabalhar. É isso o que tenho feito diariamente”, informou.
Confortável na liderança, Marcelo Crivella pensa de forma diferente. E acha que o eleitor carioca já sabe muito bem em quem votará na eleição de outubro.

“Isso mostra que quem decidiu já decidiu e perdeu o interesse no processo da eleição. É diferente de quando o quadro era indefinido e as pessoas esperavam a propaganda, as propostas e o debates. Essa eleição parece já estar decidida no coração do eleitor”, disse Crivella.

Para Romário, o desinteresse do carioca é fruto “de toda essa confusão política que vive o país” e que falta aos políticos estar “mais perto do povo e de forma transparente”. O senador disse também que os números da pesquisa do Instituto Paraná não são os mesmos das que têm feito internamente, pelo PSB.

“Nas pesquisas que temos feito estou batendo na casa dos 30%. Mas não ligo para pesquisa neste momento. Eleição se ganha na rua”, disse Romário, com a conhecida marra dos tempos de melhor jogador de futebol do mundo.

O senador Marcelo Crivella (PRB) segue na preferência do eleitorado, segundo a pesquisa estimulada do Instituto Paraná, quando são apresentados aos entrevistados os nomes dos possíveis candidatos.

No primeiro cenário, que incluiu os nomes do senador Romário (PSB) e das deputadas federais Clarissa Garotinho (PR) e Jandira Feghali (PCdoB), Crivella aparece com 31,2% da preferência, contra 16,3% de Romário e 9,4% do deputado estadual Marcelo Freixo (Psol).

O deputado estadual Flavio Bolsonaro (PSC) aparece em quarto lugar, com 7,1%, seguido de Jandira Feghali, com 4,8%, Clarissa Garotinho, com 4,2% e Pedro Paulo Carvalho (PMDB), com 3,6%.

Os deputados federais Alessandro Molon (Rede) e Índio da Costa, (PSD) têm apenas 2,7% e 1,9%, respectivamente. Cyro Garcia (PSTU) e Carlos Osório (PSDB) estão empatados na última posição, com apenas 1,1% da preferência dos entrevistados.

No segundo cenário, sem Romário, Clarissa e Jandira, a liderança de Crivella é ainda maior, com 41,9% contra 14,1 de Marcelo Freixo. Flávio Bolsonaro teria 8,4%, Pedro Paulo viria com 5,8% e Índio da Costa teria 3,2%. Carlos Osório teria, neste cenário, 1,9% dos votos.

“Me sinto muito honrado e agradecido com a generosidade do povo carioca. Se este resultado for confirmado nas urnas, farei de tudo para honrar essa confiança. O cenário político hoje é de mudança, e exige uma renovação”, comemorou o senador Marcelo Crivella.


Cataclisma planetário - O choque dos egos monumentais de Reinaldo e Olavo

Reinaldetes e olavetes em pé de guerra!

“Nivelar-me ao sr. Reinaldo Azevedo, como se fôssemos concorrentes, foi talvez o mais grave insulto que já recebi na minha vida, e o fato de que tantos o façam é por si mesmo um sintoma do estado deplorável da mente brasileira. Uma cultura incapaz de distinguir entre o estudo filosófico da realidade social e a mera crônica jornalística está fadada a desaparecer se não sofrer uma intervenção drástica, com a poda implacável de todas as cabeças ocas.” Olavo de Carvalho

Olavo, o mais novo petista, agora se empenha em provar que é um gênio - Reinaldo Azevedo 

Ah, mas está ficando cada vez mais divertido. A mulher de Olavo de Carvalho gosta de me mandar e-mails. Já o fazia antes, com rapapés. Agora, com ofensas. Um deles vem com uma epígrafe: “Gênio é aquele que inventa a sua própria profissão”. Ela o atribui a Ortega y Gasset, que ela prefere grafar “Gazzet” na esperança de que eu corrija, suponho…

E aí vem, então, a frase do “professor”:

“Tirem os empregos do Reinaldo Azevedo na mídia e vejam o que sobra. Tiraram todos os meus e foi aí que a minha carreira começou.”

Como se nota, o mais novo aliado do PT também entra na campanha para que tirem os meus empregos.

Uma coisa é certa, Olavo: se isso acontecesse, eu não sairia por aí batendo a carteira de ninguém nem teria senhores ocultos que me financiam. A verdade é que a Receita Federal sabe de onde vêm os meus rendimentos. E os seus? Qual é a origem?

Ah, sim: ninguém “tirou” os empregos de Olavo. Faz parte do seu show se dizer um perseguido. Isso confere verossimilhança à fama de filósofo alternativo e independente. A verdade é que qualquer um com um pouquinho de leitura sabe que este senhor faz de seus juízos arbitrários e de suas idiossincrasias categorias de pensamento ou imperativos categóricos. Já cheguei a achar que até ele acreditasse na sua farsa. Mas não! É só um meio de vida. Também já tive pena. Não tenho mais.

Convenham: para quem começou a vida como discípulo de Marighella, virou astrólogo, passou pela militância islamista, tornou-se anticomunista radical, não deixa de ser criativo que se reinvente como esbirro do PT e passe a ser admirado pelas esquerdas.

Vamos a uma outra tirada do “mestre”:

“Por que o empreendedorista Reinaldo Azevedo jamais trabalhou por conta própria, foi sempre um empregado e, quando vê um empreendedor, logo tem de insinuar que é um vagabundo financiado por algum partido político?”

Pela ordem:
1: Desde 1996, não sou empregado de ninguém.
2: não insinuei que um partido político financia Olavo de Carvalho. Escrevi que é financiado. E eu o estou desafiando a dizer por quem. Algum político, por exemplo?
3: “Vagabundo”? Bem, não o chamei de vagabundo. Acho até que se esforça para parecer original e tem certo talento para desafiar o senso comum. O problema é que, com alguma frequência, esse desafio se dá pelo caminho de vários tipos de aberração: de lógica, de vocabulário, de cultura filosófica…

Olavo está furioso porque sempre enganou os que caíram na sua conversa com a fama do homem que via a história antes de a história acontecer. E quebrou a cara. Apostou todas as fichas em que não haveria impeachment. E agora precisa devolver Dilma ao palácio para provar que tinha razão.

De certo modo, nunca deixou de ser um discípulo de Marighella, já que, a exemplo dos comunistas, ele conta a história do mundo a partir do fim, do ponto de chegada. De certo modo, nunca deixou de ser um astrólogo, já que é metido a fazer previsões. De certo modo, nunca deixou de ser um ocultista, já que infere que os caminhos da história só se revelam aos iniciados.

E, agora, na sua parceria com o PT, junta toda essa vasta experiência do embuste para se juntar aos que querem Dilma de volta ao Palácio do Planalto.

Aderiu até à agenda de Lula: quer democracia plebiscitária.

Um verdadeiro gênio. Sem dúvida!

PS – Ah, sim: alguém pode ficar em dúvida e se indagar se é crível que Olavo seja hoje um esbirro do PT. Pois é… Quem desconhecia a sua biografia pode achar INCRÍVEL que tenha sido um discípulo de Marighella, um astrólogo e um islamista. Ser petista é café pequeno… E notem: ele sempre foi isso tudo com igual convicção, chamando de idiotas todos os que não partilhavam de suas alucinações. E sempre arregimentando fiéis.
PS2 – Mal o post foi ao ar, um bobão já comentou: “Aí, hein, Reinaldo, limpando o terreno para o PSDB…”. Ele acha que, em Brasília ou no Brasil, realmente estão preocupados com o que pensa Olavo… “Ah, e por que você resolveu responder às agressões dele?” Porque estou achando divertido ver um sujeito ridículo ser vítima das suas próprias armadilhas retóricas. Só por isso. Olavo é de uma irrelevância absoluta na política. Mas convenham: é uma personagem e tanto, com aquele seu jeito meio podrão, aquele vocabulário porco, aquele jeito pidão, sempre implorando por um dinheirinho em troca de uma filosofada.


domingo, 29 de maio de 2016

Danilo Gentili: A máquina de moer reputações a todo vapor

Danilo Gentili em O Antagonista:

Eu, como qualquer pessoa normal, lamento muito o que houve com a moça no Rio de Janeiro. Ninguém deve ser vítima de qualquer tipo de violência.

Lamento também que esse episódio triste sirva de pretexto para que pessoas de má-fé se apropriem da tragédia alheia e façam disso palanque político: não para defender suas ideias, ou verdadeiramente lutar contra o estupro, mas para atacar covardemente pessoas que discordam de suas posições políticas.

Sob o governo do PT e graças ao seu já muito noticiado patrocínio, formou-se um exército - ou melhor, uma guerrilha - pronta para atacar e tentar destruir a imagem de quem quer que ouse criticar os seus líderes, denunciá-los ou ridicularizá-los. Uma gente cega e/ou oportunista que põe de lado qualquer valor moral quando o que está em jogo é a manutenção do poder deste bando que sangrou o Brasil de modo sem igual. Não penso que fazem isso só por ideologia. Na verdade, tenho certeza de que, em sua maioria, são uns aproveitadores que vivem (viviam?) do 'bolsa-difamação'. Pesquise no Google os verbetes 'MAVs' e 'blogueiros na Lava Jato'.

É assim que funcionam os discípulos brasileiros de Goebbels. Ao lado de banners com patrocínios estatais, repetem mentira até virar verdade.

A rapidez da veiculação e a superficialidade das 'informações' publicadas nas redes sociais e blogs facilitam este modus operandi, já que se sabe que bem poucos procuram aferir a veracidade dos 'fatos' apresentados.

Contentam-se apenas com ler a manchete que pinga na timeline do Facebook. Isso é o suficiente para saírem apedrejando o difamado, para, com isso, sentirem-se moralmente superiores. Afinal, o maior atalho para alguém se passar por 'pessoa do bem' é apedrejar quem é do 'mal'. E, é claro, são eles que decidem quem é do mal.

Aliás, não há nada de novo nisso: é a velha falácia do espantalho.

Como essa esgotosfera vaza com tanta facilidade para a grande mídia?

Outro humorista explica:


 Se não é por grana, é por fanatismo.

Entre muitas outras coisas no passado, já inventaram que eu chamei uma doadora de leite de “vaca”. Isso nunca aconteceu. E usam essa mentira como se fosse verdade até hoje.

Na semana passada, descontextualizaram uma crítica que fiz ao despreparo de uma senadora. O que, obviamente, era uma crítica ao seu discurso desconexo em defesa de bandidos foi transformada na mídia em preconceito racial da minha parte. Claro que ela era do PT e, portanto, intocável. O senador Paulo Paim abriu moção de censura contra minha pessoa. Curiosamente, tirando o veículo oficial do Senado, nenhum outro jornal ou blog noticiou isso. Um humorista satirizar uma senadora virou assunto de relevância nacional. Um senador pedir censura em pleno regime democrático foi um detalhe a ser ignorado.

Vejam só: aqueles senadores ocuparam a tribuna do Senado para defender políticos que chafurdaram na sujeira do mensalão, petrolão e certamente de outros 'ãos' que virão à tona, mas qual foi a manchete? Danilo Gentili é racista!

Mas fiquem tranquilos. Eu já me desculpei pelo fato aqui:


 E vamos às últimas “notícias”.

Ontem, retiraram de contexto um post meu de 2012, em que eu ironizava mais uma das estúpidas polêmicas do Big Brother, e o publicaram como se fosse um comentário a favor do estupro da menina do Rio de Janeiro, ocorrido nesta semana, em 2016, portanto. Conseguiram o que queriam: a ira e o repúdio de muita gente contra mim.

Amanhã, certamente compartilharão algo ainda pior a meu respeito. Nos próximos dias, idem. Eu sei que isso ocorrerá, porque assim tem sido desde que preferi não ceder às pressões de moldar o meu pensamento ao exigido pela patrulha da hegemonia ideológica que pensa reinar por aqui.

É assim que funciona a máquina de moer reputações. E você, que está lendo isto agora, paga por ela.

Sempre lidei com eles com a arma que mais gosto de usar: o humor. No entanto, a queda já quase definitiva da presidente, a implicação quase que absoluta do seu antecessor no maior escândalo de corrupção do país e a implosão do partido político que serviu de palco para tudo isso têm deixado os difamadores profissionais espumando pela boca. Eles estão desesperados e, por isso, agora resolveram cometer constantes crimes contra os que julgam desafetos. Por exemplo, o militante petista Trajano, usando seu distintivo de jornalista, ontem me acusou na televisão de um crime que jamais cometi (e com certeza jamais cometeria). Ao contrário do que esse povo diz, eu não acho que todo homem é um estuprador em potencial, pois eu sou homem e abomino o estupro.

Como eu provo aqui e também aqui, eles não estão nem aí para 'o que é dito' ou para 'o que é feito', mas, sim, para 'quem disse' ou para 'quem fez'. Essa ninhada tem uma tremenda indignação seletiva, que só perde em tamanho para sua simpatia gigantesca por bandidos e assassinos de verdade.

São apenas urubus torcendo pelo próximo cadáver, se alimentam disso. São sociopatas que segmentam e, depois, amputam as vítimas para que os pedaços se encaixem em suas peças de propaganda. Eles pensam que, dessa maneira, convencem a todos que a escrotidão que praticam e defendem é justificável pois seria para 'o bem maior'. Sim, é doentio. E, cada vez mais, mais pessoas percebem isso.

Fica registrado aqui mais um tijolo no muro. Muro que usam para fuzilar qualquer pessoa que ousar discordar dessa corrente ideológica liberticida da qual são fanáticos devotos.


sexta-feira, 27 de maio de 2016

Estupro de menor foi barbárie anunciada

A famosa "surra de bunda", comum nos bailes funk
“A menina de 16 anos que foi vítima de um estupro coletivo em uma comunidade...”

Sem medo de errar, comunidade é o cacete, a não ser que uma fábrica de bandidos e degenerados possa atender a essa definição.

Mas é assim que começa a matéria do Globo de hoje sobre a barbaridade que 33 homens - entre eles traficantes armados - fizeram com uma jovem no Morro São José Operário, segundo a própria vítima. E ainda por cima filmaram e botaram nos facebooks e twitters da vida.

A jovem mora na Taquara, bairro da cidade do Rio de Janeiro e é assídua frequentadora dos abomináveis bailes funk no Morro São José e no Morro da Barão, que fica ao lado, ambos próximos à sua residência. É filha de uma professora e pedagoga (tem diferença?) e de um servidor estadual aposentado, que não deram a mínima bola quando ela saiu de casa na sexta-feira e só voltou na terça e se trancou no quarto, tanto que o estupro só foi descoberto pela avó através das imagens e dos vídeos postados pelos facínoras nas redes sociais.

Não bastasse isso, a menina de 16 anos - que tem um filho de três anos(!) - “mais faltava do que ia à escola, mesmo tendo a vigilância da mãe”, segundo o mesmo Globo, capciosamente. Ora pombas, que raio de vigilância é essa? Uma menina que foi mãe aos 13 anos, que falta às aulas sem que nada seja feito e que fica 5 dias sem dar notícias sem ninguém se importar lá pode estar sendo “vigiada”?

Vão lamber sabão e enfiem essa hipocrisia onde mais lhes aprouver! A jovem está literalmente abandonada à sua própria sorte, faz tempo, e neguinho ainda elogia a mãe dela, a “pedagoga”? Que bela carta de apresentação profissional! E cadê o Juizado de Menores que não indicia essa mulher por Abandono Moral (permitir que menor de 18 anos sob sua responsabilidade, guarda ou vigilância - ato de tomar conta -, frequente casa de jogo, espetáculo impróprio, resida ou trabalhe em casa de prostituição, conviva com pessoas viciadas, mendigue ou sirva a mendigo para comover as pessoas pode ser condenado a uma pena de detenção de 1 a 3 meses, ou multa).

Nada justifica o estupro, mas fica claro que o abandono da menor por parte dos pais foi o fator determinante para que isso acontecesse, já que não há o menor indício de que a família tenha lhe transmitido sequer a mais vaga noção de valores morais que a permitam discernir entre o bem e o mal, o certo e o errado, o perigo e a tranquilidade. Daí sua opção de vida por frequentar favelas e bailes funk.

Não há como fugir da realidade.


quinta-feira, 26 de maio de 2016

A filantropia de lá e a pilantropia daqui

Por que os milionários brasileiros não doam suas fortunas a universidades?

Fernando Schüler, na Época

Nos Estados Unidos, ricos ajudam museus e instituições de ensino superior. No Brasil, a burocracia atrapalha quem quer fazer o bem.

Nota do editor e único funcionário dessa espelunca: Duvido um muito dessa última afirmativa e desconfio que esses “mecenas” do showbiz também levam algum das bilheterias em algum tipo de “operação casada” - vagabundo faz a renúncia fiscal e ainda recebe troco.

Stephen Schwarzman costumava fazer suas refeições no Commons, quando estudante em Yale, em meados dos anos 1960. Sujeito tímido, vindo de escola pública, sentia-se bem naquele edifício de estilo neoclássico, situado no coração da universidade. Formado em 1969, Schwarzman percorreu passo a passo o sonho americano. Nos anos 1980, criou o grupo Blackstone, hoje um dos maiores fundos de investimento dos Estados Unidos. Consta como o 122º sujeito mais rico do planeta, na lista da Forbes. No último dia 11 de maio, anunciou uma doação de US$ 150 milhões para a conversão do velho Commons em um moderno centro de artes.

O centro levará o nome de Schwarzman. Há quem veja nisso um simples desejo de “imortalidade através do dinheiro”, como li em uma crítica. Pouco importa. Talvez alguém tenha pensado o mesmo quando Lenand Stanford criou a universidade que levaria seu nome, na década de 1880, na Califórnia. Ou quando resolveram dar o nome de Solomon Guggenheim, logo após sua morte, ao museu projetado por Frank Lloyd Wright, no coração de Manhattan. Quem sabe teria sido melhor, para os Estados Unidos, imitar o exemplo brasileiro. Por aqui, pouca gente tenta perpetuar o próprio nome, doando para universidades e museus. Talvez por isso lê-se, por estes dias, o anúncio de fechamento da Casa Daros, primoroso espaço de artes, no Rio de Janeiro, por falta de recursos.

A tradição da filantropia americana vem de longe. É possível pensar que Andrew Carnegie seja seu maior ícone e, de certo modo, definidor conceitual. Imigrante pobre, Carnegie fez fortuna na siderurgia americana, na segunda metade do século XIX. Em 1901, aos 66 anos, vendeu suas indústrias ao banqueiro J.P. Morgan e tornou-se o maior filantropo americano. Uma de suas tantas proezas, não certamente a maior, foi construir mais de 3 mil bibliotecas, nos Estados Unidos. Em 1889, escreveu o artigo “The Gospel of Weath”, defendendo que os ricos deveriam viver com comedimento e tirar da cabeça a ideia de legar sua fortuna aos filhos. Melhor seria doar o dinheiro para alguma causa, ou várias delas, a sua escolha, ainda em vida. O Estado poderia dar um empurrãozinho, aumentando o imposto sobre a herança, mas deveria evitar a tributação das grandes fortunas. O melhor resultado, para todos, seria obtido se os próprios ricos distribuíssem sua riqueza, com cuidado e responsabilidade. Recentemente, foi o argumento usado por Bill Gates, o maior filantropo de nossa era, em oposição a Thomas Piketty e sua obsessão em tributar os mais ricos.

Gates não fala da boca para fora, nem é uma voz isolada. Em 2009, ele lançou, junto com Warren Buffett, o mais impressionante movimento de incentivo à filantropia já visto: The Giving Pledge. A campanha tem, até o momento, 128 signatários. Para participar, basta ser um bilionário e assinar uma carta prometendo doar, em vida, mais da metade de sua fortuna a projetos humanitários. Para boa parte dessas pessoas, doar 50% é pouco. Larry Elisson, criador da Oracle, comprometeu-se em doar 95% de sua fortuna, hoje avaliada em US$ 56 bilhões. Buffett foi além: vai doar 99%. Como bem observou o filósofo alemão Peter Sloterdijk, parece que, ao contrário do que acreditávamos no século XX, não são os pobres, mas os ricos que mudarão o mundo. Sloterdijt, por óbvio, não conhece bem o Brasil.

Nos Estados Unidos, o valor das doações individuais à filantropia chega a US$ 330 bilhões por ano. No Brasil, os números são imprecisos, mas estima-se que o montante não passa de US$ 6 bilhões por ano. Apenas 3% do financiamento a nossas ONGs vem de doações individuais, contra mais de 70%, no caso americano. Há, segundo a tradicional lista da revista Forbes, 54 bilionários no Brasil. Nenhum aderiu, até o momento, ao movimento da Giving Pledge. Consta que Jorge Paulo Lemann, o número 1 da lista, foi convidado. Não duvido que dia desses anuncie sua adesão. Seria um exemplo para o país.

Explicações não faltam para essa disparidade. Há quem goste de debitar o fenômeno na conta de nossa “formação cultural”. Por essa tese, estaríamos atados a nossas raízes ibéricas, sempre esperando pelos favores do Estado, indispostos a buscar formas de cooperação entre os cidadãos para construir escolas, museus e bibliotecas ou simplesmente para consertar os brinquedos e plantar flores na praça do bairro.

É possível que haja alguma verdade nisso. O rei Dom João III, lá por volta de 1530, dividiu o país em capitanias hereditárias e as dividiu entre fidalgos e amigos da corte portuguesa. Fazer o quê? Enquanto isso, os peregrinos do Mayflower desembarcaram nas costas da Nova Inglaterra, movidos pela fé e pelo amor ao trabalho, para construir um novo país. Uma bela história, sem dúvida. Muito parecida com a de meus antepassados alemães, que desembarcaram em 1824 nas margens do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul. Há muitas histórias, há muitos tipos de formação cultural, no Brasil, assim como nos Estados Unidos. Não é difícil escolher uma delas para justificar qualquer coisa.

De minha parte, desconfio da tese do caráter cultural. Ela é abstrata demais, difícil de mensurar e, pior, tende a levar à acomodação. Prefiro concentrar o foco na variável sobre a qual – ao menos em boa medida – temos controle. E essa variável é institucional. Minha tese é: o modelo institucional e de incentivos que adotamos simplesmente não favorece o desenvolvimento da filantropia. Ele incentiva que as pessoas esperem que o Estado resolva seus problemas. E é o que elas fazem, em geral.

Vamos a um exemplo: nossos sistemas de incentivo fiscal a doações. Nos Estados Unidos, se alguém quiser doar algum recurso para o MoMA (o Museu de Arte Moderna, em Nova York), poderá abater até 30% de seu rendimento tributável. Para algumas instituições, esse percentual sobe a 50%. No Brasil, seu abatimento é limitado a 6% do Imposto de Renda, se o contribuinte fizer a declaração completa.

O pior, no entanto, acontece do outro lado do balcão. Para receber a doação, o museu brasileiro deverá ter um projeto previamente aprovado pelo Ministério da Cultura, em Brasília. Serão meses em uma via crucis, listando minuciosamente o gasto futuro com o projeto, e depois mais alguns meses para a prestação de contas detalhada do que foi gasto com sua execução. Fico imaginando o que o MoMA faria se, para receber doações, tivesse de enviar previamente um projeto para ser analisado em Washington, linha a linha, por um grupo de funcionários públicos. Os Estados Unidos nem sequer têm um Ministério da Cultura. As doações e os incentivos são diretos, sem burocracia. Por isso, funciona.

Vamos a outro exemplo: os americanos adotam como principal estratégia de financiamento de suas instituições – sejam museus, universidades ou orquestras sinfônicas – os chamados “fundos de endowment”. A ideia é bem simples: uma poupança de longuíssimo prazo, destinada a crescer, ano a ano, da qual a instituição retira parte dos rendimentos para seu custeio. Simplesmente nenhuma grande instituição universitária ou cultural americana vive sem seu endowment. Há 75 universidades com fundos de mais de US$ 1 bilhão. O maior de todos, de Harvard, tem US$ 36 bilhões em caixa.

Pois bem, vamos imaginar que um milionário acordasse, dia desses, decidido a doar uma boa quantia para algum endowment no Brasil. Ele gosta de artes visuais e quer doar a um museu. Em primeiro lugar, ele não teria nenhum incentivo fiscal para fazer isso. O Ministério da Cultura simplesmente proíbe que um museu brasileiro apresente um projeto para receber doações para endowments. Em segundo lugar, não haveria nenhum endowment para ser apoiado. Nos Estados Unidos, ele encontraria milhares, e bastaria escolher algum, na internet. Em Pindorama, nenhum. As leis não favorecem, os incentivos inexistem, as instituições não estão organizadas para receber as doações. E a culpa segue por conta de nossa “formação cultural”.

Outra razão diz respeito ao modelo de gestão de nossas instituições. O Brasil teima, em pleno século XXI, a manter uma malha obsoleta de universidades estatais. Elas consomem perto de 30% dos recursos do Ministério da Educação, mas nenhuma se encontra entre as 200 melhores do mundo, no último levantamento da revista Times Higher Education. Enquanto isso, os Estados Unidos dispõem de 48 das 100 melhores universidades globais. Princeton, Yale, Columbia, MIT seguem, em regra, o mesmo padrão: instituições privadas, sem fins lucrativos, com largos endowments, cobrando mensalidades e oferecendo um amplo sistema de bolsas por mérito (em âmbito global), e ancoradas em uma rede de alumni e parcerias públicas e privadas. Não é diferente do que ocorre com museus e instituições culturais.

O ponto é que o Brasil pode mudar. Há exemplos de líderes empresariais que fazem sua parte. Há o caso exemplar do banqueiro Walter Moreira Salles, fundador do Instituto Unibanco, voltado à educação, e do Instituto Moreira Salles, voltado à cultura. Há a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, há o Museu Iberê Camargo, criado por Jorge Gerdau, e há a Fundação Roberto Marinho, à frente do maior projeto cultural do Brasil, nos dias de hoje, que é o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Há uma imensa generosidade e espírito público, no país, ainda bloqueados pelo anacronismo dos modelos de gestão pública que adotamos. Instituições, mais do que a história. Incentivos, mais do que uma suposta genética cultural. Essa deve ser nossa aposta.


Países menos religiosos do mundo também são os menos violentos

Fica claro assim?
Não preciso nem perguntar se querem que eu desenhe. Já vem desenhado.

TV Brasil, antro de petralhas comprados, tem que acabar!

O Globo teve a coragem de publicar um artigo do Aderbal Freire Filho anteontem com as maiores barbaridades, como dizer que os “artistas” merecem ser beneficiados pela Rouanet porque trabalham muito nos ensaios dos espetáculos. Quiuspariu! E os outros reles mortais, que não têm Lei e nem espetáculo depois para faturar mais ainda? Que me desculpem todos pelos maus modos, mas: Aderbal, vai tomar no centro que é para não gastar as beiradas!

Reinaldo Azevedo

A TV Brasil na forma em que existe é uma das invenções mais caras da era petista. Dá traço de audiência, mas paga salário de gente grande. Não é por acaso que custa R$ 1 bilhão por ano. Num país quebrado.

Aderbal Freire Filho, que acha que o impeachment é golpe, tem um programa sobre teatro chamado “A Arte do Artista”. Para dar pinta lá uma vez por semana, recebe R$ 68 mil mensais. Tem contrato até o fim do ano. Aderbal é casado com Marieta Severo, aquela que cantou as glórias do PT no “Domingão do Faustão”, ex-mulher de Chico Buarque, que exalta os feitos da legenda em toda parte.

Outro que não passa apertado é Luis Nassif, com um programa também semanal chamado “Brasilianas.org”. Embora ninguém veja a defesa que ele faz do governo — não na TV ao menos —, tem um contrato anual de R$ 761 mil — mais de R$ 63 mil por mês. Ou R$ 15.750 por programa! Nassif até tenta fingir diversidade com alguns temas de interesse geral. Quando envereda para a política e para a economia, é mero porta-voz do governo petista. Lúcia Mendonça, diretora do seu programa, tem um contrato de R$ 289 mil/ano.

Paulo Markun também fez um bom acordo para um programa semanal: R$ 585 mil anuais. Em favor de Markun — e não tenho nenhum problema em dizer isto —, observo que mantém ao menos uma pauta plural em “Palavras Cruzadas”.

Não é o caso de Paulo Moreira Leite, também com uma, por assim dizer, atração por semana chamada “Espaço Público”. Tem um contrato anual de R$ 279 mil. Só entrevista esquerdistas e governistas — na maioria das vezes, petistas.

E Emir Sader, o grande intelectual de um país chamado “Emirados Sáderes”, que desenvolveu até uma gramática própria? Para fazer alguns pequenos comentários — em que fala bem do PT e das esquerdas do Brasil e do mundo e mal de todos os seus adversários, recebe R$ 227 mil por ano. Tereza Cruvinel, que hoje só dá alguns pitacos políticos, mantém um contrato anual de 182 mil.

Exceção feita a Aderbal — não entendi ainda por quê —, todos os outros contratos estão suspensos para ser renegociados. (...)


Que tal aproveitar o embalo para uma devassa nessas “igrejas” evangélicas?

“Evento evangélico percorre ruas da Zona Norte e do Centro de São Paulo. De acordo com a organização, 500 denominações cristãs participarão do evento este ano. Em 2015, o evento reuniu 340 mil pessoas, segundo dados da Polícia Militar.”

Em tempos de Lava Jato, que tal aproveitar o embalo para o Ministério Público e a Polícia Federal fazerem uma devassa nessas “igrejas” evangélicas e enquadrar os Macedos, Soares, Valdomiros, Malafaias e demais espertinhos que atuam como atravessadores entre Deus e os homens?

Não há como não traçar um paralelo entre a quadrilha do governo do PT e os responsáveis por essas crenças que proliferam mais que o mosquito aedes aegypti.

O PT, antes do Lava Jato, tinha uma quantidade de fieis - é esse o termo - considerada insuperável, a ponto de Lula beirar os 80% de popularidade e Dilma chegar aos 65%. Hoje, graças às verdades reveladas pelo MP e pela PF, Lula tem que se contentar com 25% - que ainda é muito - e Dilma com 8%.

Ninguém em sã consciência pode ter a menor dúvida que se deflagrarem uma “Operação Lava Bispo” bem mais da metade desses exploradores de otários vai em cana, tantos são os crimes públicos e notórios cometidos por eles. Desmascaradas as farsas e após descobrirem que seu suado dinheirinho vai para a aquisição de jatinhos, helicópteros, mansões e outros prazeres nababescos da corja episcopal, por óbvio esse exército de fieis iludidos vai se reduzir a pó de traque.

Diga-se de passagem, essa ideia não é por preconceito ou pelo que quer que possam classificá-la a não ser como um caso de polícia. Longe de poderem ser chamadas de religiões, essas seitas neoevangélicas não passam de um puro e sórdido comércio, onde os consumidores de boa fé são sempre lesados por não receberem o anunciado enquanto os comerciantes, de má fé, estão pouco se lixando para seus “fregueses” que pagam em dia e sem fiado.


quarta-feira, 25 de maio de 2016

Sem grana para reforma, prédios da UFRJ desmoronam, mas Cirque du Soleil já recebeu R$ 9,4 milhões pela Rouanet

Tudo bem, foi em 2006. Então corrige pela inflação para ver quanto dá!...

Globo

Daqui a dois anos, o Museu Nacional completa 200 anos. Como presente de aniversário, a reitoria da UFRJ pretende entregar à população o palácio, que foi residência de dom João VI, dom Pedro I e dom Pedro II, totalmente restaurado. Transformar o desejo em realidade, no entanto, é o X da questão. Com um orçamento de cerca de R$ 460 milhões este ano para manutenção e investimento na universidade, que ainda convive com o fantasma dos cortes, não só é difícil preservar seu patrimônio, como fazer o mínimo: conservar os edifícios, em especial os históricos. A UFRJ, mais antiga universidade do país, conta com 12 conjuntos tombados, como mostra o livro “Conservação e reativação do patrimônio arquitetônico universitário”, lançado mês passado. Só para iniciar as obras emergenciais de que todos eles necessitam, a instituição precisaria de R$ 25 milhões a mais no orçamento, conforme cálculos do reitor Roberto Leher.

Nesses edifícios, funcionam um quarto das unidades acadêmicas e a administração central. Alguns estão em estado crítico, como a Capela São Pedro de Alcântara, dentro do Palácio Universitário, na Praia Vermelha, inaugurado em 1852 e tombado pelo Iphan. Em março de 2011, a igrejinha foi consumida por um incêndio. Até hoje, a restauração não saiu.

As edificações da UFRJ perpassam três séculos. Os organizadores do livro — Andréa Borde, coordenadora do Laboratório de Patrimônio Cultural e Cidades Contemporâneas, do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da instituição, e Paulo Bellinha, vice-diretor do Escritório Técnico da Universidade (ETU) — dividem as construções tombadas e as com potencial de tombamento em três grupos: as grandes estruturas do século XIX; as pequenas estruturas dos séculos XIX e XX; e as grandes estruturas do século XX.

Na primeira lista, estão o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), primeira construção erguida no país a partir de 1812 para abrigar disciplinas hoje de nível superior (a Academia Real Militar, base do ensino de engenharia no país), no Largo de São Francisco; o Museu Nacional; o Palácio Universitário e o prédio do atual Instituto de Atenção à Saúde São Francisco de Assis, inaugurado em 1879, na Cidade Nova. Todos são tombados pelo Iphan.

Dos prédios mais antigos, o Palácio Universitário e o São Francisco de Assis passam por uma lenta recuperação, que tenta ultrapassar as barreiras da burocracia e da falta de recursos. No caso do palácio, as discussões sobre o projeto para telhados, em situação precária, e fachadas começaram em 2004, depois de 50 anos da última reforma. Somente em 2010, conseguiu-se a verba e as obras foram iniciadas, mas logo depois ocorreu o incêndio. No fim do ano passado, os trabalhos foram retomados. Até agora, dos 14 blocos de telhados, três foram concluídos. O projeto, de R$ 17 milhões, é custeado com verba da própria universidade, que, de 2014 para cá, teve cerca de R$ 140 milhões do seu orçamento contingenciados pelo governo federal.

— Nosso esforço inicial é recuperar telhados, fachadas e a infraestrutura elétrica desses prédios. Temos um lindo teatro na Escola de Música (no Passeio), mas é inviável mantê-lo com concertos sem ar-condicionado — diz Leher, que vem propondo ao Ministério da Educação e debatendo com outros reitores a criação de um fundo fora da matriz da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, de financiamento das universidades federais, para preservação do patrimônio histórico, por meio de chamadas públicas para projetos.

Se a ideia for para frente, o plano da UFRJ é, em dez anos, recuperar de forma ampla os prédios tombados.

— Esse patrimônio não é da UFRJ, é do país. O Museu Nacional é uma instituição que está na origem da própria ciência no Brasil — critica o reitor, que busca no BNDES verbas para o restauro do museu, um projeto de R$ 11 milhões.

A dívida atual da universidade com fornecedores chega a R$ 120 milhões.

O segundo grupo de imóveis históricos inclui edifícios como os da Faculdade de Direito, do Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, da antiga Escola de Eletrotécnica (cedido ao Iphan) e da Escola de Música. No último, por exemplo, são necessários trabalhos como as reformas da parte elétrica (incapaz de sustentar um sistema de refrigeração na sala de concertos) e de murais (como o de Ivan de Freitas na parede externa voltada para a Lapa). Há um ano, foi iniciada, com recursos próprios (R$ 1,5 milhão), a obra nos telhados e na fachada do edifício das salas de aula.

Já o terceiro grupo inclui dois edifícios modernos, não tombados, dentro da Cidade Universitária, ambos projetos premiados, de autoria do arquiteto Jorge Moreira. Um é a sede do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira e o outro é o da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). Os dois estão em mau estado de conservação.

Apesar dos problemas, Andréa Borde defende o tombamento dos edifícios, que ainda não foi pedido aos órgãos oficiais. Aliás, nenhum edifício do Fundão é preservado.

— Esses são bens que, sem salvaguarda, correm risco — afirma a professora.


Ministério da Cultura agora é Delivery

Beleza! O ministro agora atende em casa.

Aliás é pública e notória a imensa contribuição de Paula Lavigne, a babá de Caetano Veloso, para a Cultura, vocês não acham?

E desculpem o anglicismo, mas é para o título ficar tão ridículo quanto o fato.

terça-feira, 24 de maio de 2016

O absurdo dos Cartões Corporativos de Dilma: 98,75% (R$ 320 milhões) são de gastos sigilosos

Quem mais gastou
Descrição Valor
INFORMAÇÃO SIGILOSA* R$ 320.548.077,15
MARIA FATIMA S SILV R$ 583.782,12
JOAO JUNIOR R$ 512.159,92
LUCAS JOSE PALOMERO R$ 487.950,10
JOSE MAYER AMARAIM R$ 468.522,30
SIMIAO B PINHEIRO R$ 432.640,05
HNSC JUSSARA FRAGA R$ 421.921,28
SAMUEL LOBO MAIA R$ 391.407,47
JOSE R C GONZAGA R$ 391.353,26
IVAN DA SILVA MAIA R$ 356.829,44
Total R$ 324.594.643,09

Nos primeiros quatro meses do ano o Cartão Corporativo da Presidência da República - leia-se Dilma - torrou quase 325 milhões (ou, pelo menos é o que diz essa tabela do SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal), já que outra tabela do mesmo SIAFI indica que foram recebidos 376 milhões.

Mas vamos lá. Primeiro, quem são esses nove caras, que torram uma média de 112 mil reais por mês? Segundo dados do SIAFI, eles pertencem às seguintes "unidades gestoras":

Simiao B Pinheiro - Banco Central Do Brasil
Samuel Lobo Maia - Fundacao Nacional De Saude - Pe
Hnsc Jussara Fraga - Hospital Nossa Senhora Da Conceicao S/A
Lucas Jose Palomero - Unidade De Passagens Aereas - Upa
Maria Fatima S Silv - Unidade Estadual Do Ibge No Amazonas
Joao Junior - Unidade Estadual Do Ibge No Amazonas
Jose R C Gonzaga - Unidade Estadual Do Ibge No Amazonas
Ivan Da Silva Maia - Unidade Estadual Do Ibge No Mato Grosso
Jose Mayer Amaraim - Universidade Federal De Santa Maria

Faz sentido quatro caras de unidades estaduais do IBGE, sendo que três do Amazonas, e mais outros cinco de não-sei-onde - à exceção do Banco Central - gastarem em média 112,5 mil reais por mês em cartões corporativos?

Outra coisa é o absurdo de 98,75% desse montante serem classificados como informações sigilosas. Mais de 320 milhões gastos sem que ninguém saiba como, onde e nem com o que, pra mim é roubalheira da grossa!

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Lei Rouanet aprova Merda

“A verdade é que o MinC morto acabou sendo mais valorizado que em vida, quando acumulou mais dívidas que elogios.” Zuenir Ventura em O Globo.

E a trupe da mamata venceu. O MinC voltou. Uns acham que foi covardia do Temer, outros que foi para se livrar de um incômodo desnecessário e desproporcional à importância do Ministério e outros ainda, como Merval Pereira, acham que foi humildade. Eu diria que foi um pouco de cada, sendo que humildade e covardia estão bem próximas uma da outra.

O que ninguém se deu conta é que o principal motivo da choradeira caetânica nunca esteve em risco de ser extinto: ninguém sequer aventou a possibilidade de revogar a Lei Rouanet. Mas os bezerros sentiram-se, não se sabe por que, na iminência de serem desmamados e puseram-se a berrar, além de enxergarem a fusão dos dois Ministérios apenas como a pura e simples extinção da Cultura, como se eles estivessem realmente muito preocupados com outra coisa que não fosse o showbiz. Tudo errado.

Um exemplo do primor de raciossímio da classe foi o texto de Nelson Motta - que sempre dá uma no cravo e outra na ferradura. Leiam alguns trechos:

“Se, como ministério, a Cultura já tinha pouco prestígio e nenhuma força política, imaginem como um puxadinho burocrático submetido ao Ministério da Educação de Mendonça Filho. Com um orçamento de R$ 2,6 bilhões, mas R$ 1,6 bilhão de restos a pagar e R$ 230 milhões de dividas já vencidas, é tecnicamente inviável.
(...)
Uma secretaria de Cultura, mesmo autônoma e despartidarizada, mesmo com um gestor competente, não só para administrar a massa falida, mas para preservar e desenvolver as conquistas e democratizar a produção e o acesso à cultura, sem a sua independência assegurada pelo governo e o ministro da Educação, é um retrocesso histórico.”

É tanto absurdo que nem dá para entender. Se o MinC do PT era falido e desprestigiado por que não reclamaram antes? Aí fica claro que os patéticos bezerros pouco ligavam para isso - ou nem sabiam -, já que o pixulé deles era garantido.

Enfim, o entretenimento, e danem-se os prejuízos, ficaria - e fica - intocado de qualquer maneira. Já a Cultura... tadinha, fica para outra vez, já que o MinC sempre preferiu patrocinar a merda. Digo isso e provo! Vejam:


domingo, 22 de maio de 2016

Olavo e sua suprema modéstia

Olavo no seu Facebook mostra Aloisio, em um vídeo, comentando sobre a recente resolução do PT que lamenta não ter aparelhado convenientemente o Ministério Público, a Polícia Federal e as Forças Armadas e depois me sai com essa:

“O sr. (Aloisio) Nunes Ferreira vai me agradecer por ter revelado tudo isso com antecedência, em tempo de impedir que o descalabro crescesse até as proporções infernais que alcançou? Não. Ao contrário, vai fazer o possível para ocultar o meu trabalho e posar de descobridor da roda. Aposto.”

Tiradentes perto de Olavo é um merda! Sozinho, o “filósofo” está salvando o Brasil do comunismo!


Sua pretensão é tão impressionante que ainda exige agradecimentos!

‘Operação Janus’, mas pode chamar de ‘Operação Lula’

Claudio Humberto

O noticiário sobre a Operação Janus, nesta sexta (20), da Polícia Federal, fez parecer que, apesar do envolvimento do sobrinho, o ex-presidente Lula não era investigado. Porém, é mais que isso: trata-se do principal investigado. Nota do Ministério Público Federal do DF deixou claro que o objetivo da “Janus” é apurar se Lula “praticou tráfico internacional de influência em favor da construtora Odebrecht”.

Lula e quem o ajudou a batalhar negócios para a Odebrecht no exterior podem esperar novas fases da Janus. Experimentarão fortes emoções. A primeira fase da Janus, nesta sexta, teve a ver apenas com o financiamento do BNDES para uma obra da Odebrecht em Angola. Também são investigados os contratos do BNDES relativos a obras em Cuba, Venezuela, República Dominicana e Angola, entre muitos outros.
  
Os três desassombrados procuradores pilotam a Operação Janus, Francisco Guilherme Bastos, Ivan Cláudio Marx e Luciana Loureiro investigam o que o submundo da corrupção em Brasília chamava de “crime perfeito”. A suspeita é que Lula fechava acordos com ditadores, a maioria africanos, para o BNDES financiar grandes obras naqueles países, mediante juros ínfimos, longo prazo de carência e contratos secretos, sob a condição de serem entregues a empreiteira brasileira. No Brasil, mandava o BNDES financiar a obra. Após o entendimento de Lula, o Brasil assinava acordos de cooperação com a ditadura atraída para o esquema, que contratava a Odebrecht.
  
O BNDES financiava a obra lá fora, mas pagava a Odebrecht no Brasil. Dinheiro público saído do Tesouro para a empreiteira, sem licitação.
  
Ditaduras não se deixam fiscalizar, nem os órgãos de controle do Brasil podiam auditar os contratos no BNDES, classificados de “secretos”.


Carta aberta a Fernanda Montenegro

Mônica Lustosa*

Prezada Senhora,

Sirvo-me da presente para fazer algumas considerações sobre a sua adesão à manifestação contra a decisão de fundir – sim, o governo interino procedeu à fusão das pastas, e não à extinção de nenhuma delas – o Ministério da Cultura e o Ministério da Educação, que passam a integrar o Ministério da Educação e Cultura (MEC), como o foi no passado. Para minha surpresa, a senhora fez a seguinte declaração: “Isso é uma tragédia. E o presidente interino vai pagar um preço alto por essa visão de um ministério que é sempre dotado de um orçamento miserável, mas é a base de um país”. Sua alegação é tão sintomática que requer uma análise acurada, o que passo a fazer adiante, embora eu não esteja convicta de estar à altura da incumbência. Preliminarmente, cumpre destacar a influência que a senhora exerce sobre o povo brasileiro, o que lhe atribui imensa responsabilidade sobre o teor das suas palavras. Uma pessoa com tamanho prestígio pode dar grande contribuição para um povo que atravessa tão difícil momento de transição política e econômica, como é o caso do Brasil.

Passando ao mérito, a senhora começa atribuindo à fusão das duas pastas a condição de “tragédia”, quando nossas verdadeiras tragédias são outras, entre as quais podemos citar: (1) a situação dos hospitais da rede pública; (2) a violência urbana – que, em 2015, levou à morte mais de 42 mil brasileiros –; (3) a epidemia do vício em drogas, cuja entrada no país foi extraordinariamente facilitada pelo criminoso relaxamento das fronteiras nacionais para execução das políticas estabelecidas pelo metagoverno que atende pelo nome de Foro de São Paulo; (4) o rombo dos fundos de pensão, que já prejudica milhões de aposentados e pensionistas que dependem disso para viver; (5) a corrupção sistêmica do governo que recebeu amplo apoio da classe artística, com raras e honrosas exceções; (6) o altíssimo índice de desemprego, que já ultrapassa 11 milhões de brasileiros e que tem levado ao desespero inúmeras famílias – se cada trabalhador tiver 3 pessoas economicamente dependentes, significa que 44 milhões de pessoas compartilham esta dramática situação, quase um quarto da população nacional –; (7) e a crise política e econômica, que obriga o governo interino a cortar drasticamente os gastos públicos. Isso, senhora, são nossas verdadeiras tragédias.


Na frase seguinte, a senhora argumenta que “o presidente interino vai pagar um preço alto por essa visão (…)”. Vale perguntar – porque resisto a acreditar – se isso é uma ameaça. Bem, se a senhora pressiona com tom de intimidação o presidente interino – escolhido para ocupar o cargo de vice-presidente pela presidente que recebeu amplo apoio da sua classe –, que acaba de tomar posse e tem a desafiadora missão de ajustar as contas públicas, então, é bom lembrá-la que Michel Temer, assim como Itamar Franco, está na única situação em que o Brasil pode ser governado sem populismo, a maior praga da América Latina. Como ele não pretende se candidatar à Presidência da República, nas próximas eleições, não precisará submeter sua gestão aos caprichos de pessoas mimadas e egoístas, que usam discursos coletivistas para legitimar seus interesses pessoais e corporativistas.

Ainda na mesma frase, comentada no parágrafo anterior, a senhora explica a “visão” do presidente interino que reputa como “trágica”: a “visão de um ministério que é sempre dotado de um orçamento miserável”. Ora, nosso orçamento público é miserável sim! Aliás, assim como a ciência médica existe em razão da enfermidade, a ciência econômica existe para solucionar um problema – a escassez de recursos –, razão pela qual todo gestor, público ou privado, mesmo numa situação superavitária, tem a obrigação moral de fazer mais com menos. No caso do orçamento público brasileiro, a situação é ainda mais grave, uma vez que esse tem um déficit de mais de 150 bilhões de reais, sem contar com o rombo das unidades federativas, das estatais e dos fundos de pensão. Ressalte-se, ainda, que a gravíssima situação dos cofres públicos é resultado da gastança criminosa do governo impedido pelo Congresso Nacional, e não do governo interino contra o qual a senhora se rebelou publicamente. A senhora, como formadora de opinião, deveria estar lembrando aos seus pares que só há duas maneiras de um governo alcançar o superávit: através do aumento da carga tributária ou por meio de corte nos gastos públicos. Considerando que o povo brasileiro já é espoliado com a dedução compulsória de 40% da sua renda, resta-nos a redução dos gastos. Então, eu lhe pergunto em que item a senhora propõe que os gastos públicos sejam cortados: (a) na saúde, (b) na segurança pública, (c) nos programas sociais (que, aliás, foram mantidos pelo governo interino), (d) na infraestrutura, ou (e) nenhuma das alternativas anteriores? Eu não duvido que a classe artística opte pela alternativa “e”, mas a senhora tem maturidade suficiente para saber que, assim, a conta não pode fechar.

Uma das lições de Margaret Thatcher era a seguinte: “Nunca esqueçamos uma verdade fundamental: o Estado não tem fonte de dinheiro senão o dinheiro que as pessoas ganham por si mesmas e para si mesmas. Se o Estado quer gastar mais dinheiro, somente poderá fazê-lo emprestando de sua poupança [que o Estado brasileiro definitivamente não tem] ou aumentando seus impostos [ou seja, tirando mais do povo]. Não há dinheiro público, há apenas dinheiro dos contribuintes”. Se para a gestão do orçamento doméstico não há mágicas, o mesmo serve para o orçamento público, pois ambos são regidos por leis matemáticas e contábeis, que não podem ser revogadas pelo decreto de um burocrata. Assim, a fatura da gastança do governo anterior, que recebe a apropriada alcunha de “herança maldita”, deve ser paga por toda a sociedade, e não pela população usuária de serviços públicos essenciais – como saúde, segurança e educação.

E por falar em educação, não tomei conhecimento de qualquer mobilização da constelação de celebridades para contestar a fusão dos dois ministérios em virtude do prejuízo que a medida eventualmente possa causar aos que dependem do ensino público. Não. A reclamação é somente com a “cultura”, nome mais palatável para o setor de entretenimento, que é o que realmente está em jogo aqui. A razão dessa atitude corporativista é simples: o que os senhores realmente estão exigindo é privilégio, já que, sem a proteção estatal, os preços dos shows, filmes e peças teatrais, evidentemente, subirão, e os senhores terão que, como todo brasileiro, experimentar o gosto amargo da crise econômica causada pelo governo que vocês mesmos apoiaram. Ao arguir que entretenimento – como aconselharia Confúcio, vamos dar os nomes certos às coisas, até porque cultura é algo muito mais amplo – é “a base de um país”, a senhora está usando um discurso coletivista para defender a microesfera dos seus interesses pessoais, pois, embora seja realmente importante, não deve ser subsidiado pelo Estado, mas pago pelo usuário do serviço. Base de um país, minha senhora, e que só pode ser patrocinada pelo Estado, é saúde e educação (para os que não podem pagar), segurança, defesa e justiça. Essas são as obrigações estatais dos povos prósperos; o resto – francamente! – é serviço a ser pago pelo consumidor, e não pelos cofres públicos. No entanto, não é esse o entendimento do governo interino, pois, infelizmente, ele afirmou que dará mais verbas para a “cultura” e ampliará a Lei Rouanet, o que, diante de todo o exposto acima, eu lamento muitíssimo. Assim, a fusão dos dois ministérios terá como economia apenas a redução dos gastos com funcionalismo público (ordenados, gratificações e privilégios) e despesas de infraestrutura.

A senhora conclui: “Esse congresso aí pode achar que é uma bobagem, uma frescura ou coisa de veados ou de alienados ou… Esse governo, até quando ele existir na atual conjuntura do Temer (sic), vai sofrer um protesto violento, e eu estou neste protesto”. Torço para que o presidente interino não sucumba às ameaças e intimidações da sua classe e corte o que for lícito cortar para o bem do nosso povo, que é quem paga a conta da inconsequência dos senhores.

* Mônica Lustosa é advogada, especialista em propriedade intelectual e diretora jurídica da HoodID – Registro de Direitos Autorais Online